São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994 |
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"Uma arma é mais chocante que um nu"
DA ENVIADA ESPECIAL A NY Leia a seguir os trechos da entrevista em que Bruce Weber (que não revela sua idade por nada) fala sobre as campanhas que fez para Calvin Klein. Polêmicas por seu conteúdo homoerótico –como de resto todo o trabalho de Weber–, as fotos despertaram também a atenção dos plagiadores.(EJ)Folha - Seu trabalho influenciou toda uma geração de fotógrafos e seu estilo ainda é bastante copiado no mundo todo. Isto o incomoda? Weber - As pessoas sempre perguntam se me incomoda ver outros fotógrafos copiando meu trabalho. A resposta é não. O lado positivo disso é que posso ver os erros que eu cometi nas minhas próprias fotos. Folha – O sr. é responsável por criar o look das campanhas de Calvin Klein através dos anúncios que fez nos anos 80. Acredita que estas fotos ajudaram a empurrar as vendas? Weber - Eu só tirei fotos do meu mundo e do que eu estava vivendo naquele momento. Eu nunca pensei em criar um mundo ou até mesmo um look para alguém. Folha - Como foi criar esta campanha para Calvin Klein? Algumas fotos que o sr. fez para Calvin Klein foram consideradas chocantes, devido ao seu conteúdo homossexual. Foi sua intenção chocar? Weber - O que a palavra 'chocante' significa realmente? Uma foto com uma arma, para mim, é mais chocante do que uma foto de uma pessoa nua ou de homens transando. Folha - Por que parou de trabalhar para Calvin Klein? O que achou do trabalho de Steven Meisel para o perfume CK One? Weber - Prefiro não responder. Folha - Fotografar para Calvin Klein o rotulou? Weber - Não, porque tudo aquilo era um percentual muito pequeno do meu trabalho que apareceu nas revistas. E estou muito orgulhoso deles. Folha - Depois do filme sobre Chet Baker e do clip dos Pet Shop Boys, que o sr. fez para a música "Being Boring", de 91, o sr. gostaria de continuar a fazer cinema? Weber - No momento estou terminando um documentário sobre o ator Robert Mitchum. Folha - O sr. acha que seu estilo ainda está fortemente relacionado aos anos 80? Weber - Não. Folha - O que acha que mudou em termos de fotografia nos anos 90? Weber - Não tenho a menor idéia. Folha - Que tipo de trabalho o sr. recusa? Weber - Recuso-me a fotografar peles de animais e trabalhar para pessoas que sacaneiam jovens fotógrafos. Folha - O sr. se considera uma pessoa difícil? Weber - Sim, muito! O sr. fez um livro sobre o Rio que mostrava uma imagem glamourosa da cidade. O que o atraiu na cidade? Weber - Eu amei as pessoas que encontrei no Rio. Eles abriram seus braços para mim e eram tudo o que sonhei que seriam. Eu espero que o livro seja um documento do que ainda pode caracterizar o velho e o novo no Rio. Porque esta cidade já foi descrita como o paraíso que todos sonham, por gente do mundo todo. Texto Anterior: O caminho começa com a inquietação Próximo Texto: Clássicos heroificam cidadão americano Índice |
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