São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
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Caminhos tortos ligam Espanha ao continente

RUBENS LINHARES
DAS REGIONAIS

A Espanha são vários países em um. A imagem muda conforme o local que o viajante escolhe para entrar no país. De carro, pode-se chegar pela França ou Portugal.
Entrando pelo lado francês, em direção a Santiago de Compostela, na Galícia, o caminho é uma estrada de duas mãos que acompanha o relevo dos Pirineus.
Mais do que visões místicas, no caminho descortinam-se belas praias com águas esverdeadas do mar Cantábrico.
É impossível percorrer a estrada em velocidade superior a 50 km/h em função das curvas e do movimento de veículos na rodovia. Mas o percurso se torna menos monótono devido às belas paisagens e precipícios perigosos.
Santiago é uma espécie de Ouro Preto espanhola. O mote da cidade são as igrejas e as construções de arquitetura gótica.
À noite, o centro antigo se transforma em um agitado ponto de encontro. Músicos típicos saem às ruas e os bares ficam repletos.
Durante o dia, é comum a chegada de andarilhos que fizeram o "Caminho de Santiago" com seus cajados e roupas empoeiradas.
A cidade fica numa região úmida, com céu constantemente nublado e chuvas frequentes.
As opções de hotéis baratos se concentram no centro antigo. Podem-se encontrar pousadas com quartos para casal por 2.000 pesetas (menos de US$ 20).
A capital espanhola é, à primeira vista, uma cidade sem maiores atrativos. Poderia ser chamada de a "verdadeira Buenos Aires", pela elegância de suas mulheres e pela limpeza e árvores de suas ruas.
A cidade possui infindáveis "hostais" (pensões e hospedarias) com preços que variam de US$ 20 a US$ 30 para casal nos arredores da Gran Vía (principal avenida).
A comida é outro dos destaques de Madri. Pode-se saborear uma autêntica "paella" por US$ 6, por pessoa, incluída a bebida.
Banhada pelo Mediterrâneo, Barcelona é uma cidade na medida para quem gosta de movimento. A começar pela Rambla –avenida com uma larga calçada onde todo mundo se encontra.
Ao lado da Rambla fica o bairro Gótico, um dos mais antigos da cidade, com construções escuras e sombrias. Nele, estão os hotéis mais baratos: em torno de US$ 20.
É necessário prestar atenção ao local para não se hospedar em um bordel, que são comuns na área.
O maior choque em Barcelona é a arquitetura de Antoni Gaudí, erguida em pontos estratégicos da cidade, como o Passeio de Gracia.
Nesta avenida, o turista se deslumbra com a Casa Milá e a Casa Battló, ambas do início do século.
Vale visitar o templo da Sagrada Família. Em 1996, ele completa cem anos e ainda não foi concluído. A verba para terminar a obra vem da cobrança de entradas.
Portugal
Comparar Portugal com os demais países da Europa é o esporte predileto dos brasileiros que têm a oportunidade de conhecer a terra de Camões de carro. E em quase tudo Portugal perde para as outras nações européias.
Uma das reclamações constantes entre turistas motorizados no país é a péssima sinalização nas estradas, ao contrário daquela encontrada nos países vizinhos.
Na estrada que liga Coimbra a Lisboa, por exemplo, o motorista precisa adivinhar a entrada para a capital lusitana.
No centro de Lisboa, o viajante motorizado é disputado a tapas pelos guardadores de carros.
No posto turístico da cidade, os funcionários informam que todo cuidado é pouco com bagagens e outros bens, pois a criminalidade está em alta.
Ouvir coisas como essa em uma capital de Primeiro Mundo soa estranho para o turista brasileiro.
Mas apesar disso, Lisboa preserva o clima saudável de uma cidade provinciana. Grande parte dos passeios pode ser feito a pé, caso o viajante se hospede em um hotel central. (Rubens Linhares)

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