São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
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Virar o ano viajando nem sempre é festa

SIMONE GALIB
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia 31, quando os ponteiros do relógio marcam meia-noite e a chegada de um novo ano é brindada com festa e champanhe, alguns comemoram viajando sozinhos, fechados numa cabine "high-tech" a dez mil metros de altura, muito acima dos fogos que pipocam no céu do país.
Para os tripulantes dos aviões, trabalhar enquanto todos se divertem já faz parte da rotina. Não traz solidão, nem incomoda mais. O brinde é discreto, rápido.
"O meu Natal ou réveillon é quando chego em casa e fico com a família, não importa a data", diz o comandante Adão Quadros, 49 anos, 22 deles pilotando aviões da Transbrasil. Ele entrará em 95 fazendo a travessia do Atlântico no Boeing-737/300 rumo a Viena, na Áustria. O Natal passou em Nova York, mais uma vez a trabalho.
"É réveillon, estou voando, e daí?", costuma dizer o comandante David Barioni Neto, 36, que trocou há 18 anos a carreira de advogado pela aviação. Está há 14 anos na Vasp. Vai virar o ano na cabine do 737/300, nos céus de Buenos Aires.
"A primeira coisa que se aprende na aviação é que você não tem data, por isso o aeronauta não estranha", afirma Sônia Aparecida Morgado, 38, chefe dos comissários da TAM.
Além do mais, nas festas de fim de ano, as companhias aéreas costumam oferecer uma passagem ao tripulante para algum membro de sua família, desde que haja lugar no vôo. Alguns viajam juntos. Outros preferem embarcar sozinhos.
"Às vezes, complica mais. Você leva a mulher e deixa os filhos, ou vice-versa. Além disso, os vôos são lotados e corridos. Não dá tempo para nada", conta Barioni.
Mas nem tudo é tão rotineiro assim na passagem de ano a bordo. Algumas empresas aproveitam a data para brindar com os passageiros, que podem estar se sentindo verdadeiros estranhos no ninho.
A TAM, por exemplo, tem uma programação especial. O serviço de bordo inclui ceia, champanhe, camisetas, bonés e até distribuição de brindes. "Todos se cumprimentam, é a maior farra a bordo", diz Sônia.(Simone Galib)

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