São Paulo, terça-feira, 1 de fevereiro de 1994
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Falando sozinho

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A inflação bate um recorde de quatro anos e Fernando Henrique Cardoso aparece no SBT, na Manchete, na Globo, na Cultura, na Record, para reclamar das cobranças. "É preciso parar com tanta ansiedade. O Brasil não precisa estar o tempo todo pensando que vai acontecer alguma coisa. O que vai ter que acontecer é trabalho e seriedade. Só isso."
O Congresso enfrenta um dia de "apatia" e "gazeta", no que o TJ descreveu como "um começo preocupante para uma semana em que o governo espera aprovar a emenda constitucional que salva o plano econômico", mas o ministro garante: "Todo mundo está sentindo que não é possível perder esta oportunidade de virar uma página da história."
FHC está falando sozinho. Como registrou o TJ, ele foi abandonado pelos dois líderes do governo e pelos líderes dos partidos governistas, que sequer foram a Brasília. Sobrou a oposição, maioria entre os 37 parlamentares no Congresso. Oposição que, à esquerda e à direita, confirmou à televisão ter prioridades incompatíveis com a oportunidade histórica do candidato FHC.
Monopólio
É uma campanha que pensa no bem comum, por assim dizer. A Globo não deixa passar uma noite sem que o monopólio das telecomunicações seja atacado. Como ontem, em que uma pequena manifestação da Associação dos Usuários de Serviços de Telecomunicações ganhou amplo espaço em pleno Jornal Nacional.
Não porque exigiu a abertura de novos planos de expansão. Não porque exigiu a entrega dos telefones que foram pagos. E sim porque "também reivindica a quebra do monopólio das telecomunicações".
Cataratas
A segunda-feira do candidato Paulo Maluf foi pior do que o domingo. No Aqui Agora, a brincadeira foi que "a cratera está mais parecida com uma cascata". No Rede Cidade, da Bandeirantes, chamaram o buraco de "Cataratas do Maluf". Mas o pior não foram as piadas. Foi a cobertura, que incluiu a revolta dos moradores, ameaçando parar as obras.
Que incluiu também o desastroso secretário Reynaldo de Barros, garantindo que "não são as obras" as culpadas, mas também admitindo que, "se as obras forem as responsáveis", fará a indenização.

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