São Paulo, terça-feira, 1 de fevereiro de 1994
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Viradouro defende mulheres no poder

PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

O carnavalesco Joãosinho Trinta volta ao desfile das escolas de samba do Rio disposto a criar polêmica. O enredo da Unidos do Viradouro, que marcará o retorno de Joãosinho depois de um Carnaval no exterior, vai defender que uma mulher assuma o poder no Brasil e retratar a cocaína como fruto de uma maldição dos povos pré-colombianos aos colonizadores que arrasaram civilizações em busca de ouro.
O enredo da Viradouro é sobre Teresa de Benguela, uma negra nascida em Benguela (Angola) que criou um quilombo no Pantanal do Mato Grosso e o administrava com um parlamento.
Joãosinho diz que os homens estragaram o Brasil. "Só uma mulher, com sua sensibilidade, poderá nos resgatar. A Viradouro destacará sete mulheres que, na visão do carnavalesco, têm as qualidades necessárias para administrar e erguer o Brasil. Joãosinho faz segredo dos nomes que levará para avenida.
"Vão ser mulheres incríveis como Teresa, que protegia os índios e as minorias e governava com sabedoria, com prioridade na agricultura, que obteve fartura para alimentar o corpo e depois, com a arte, alimentou todos os espíritos", declara.
Teresa de Benguela morreu louca, após seu quilombo ter sido invadido pelos portugueses, à procura de ouro.
"A cocaína é uma maldição das civilizações destruídas pelos colonizadores. Eles praguejaram que a deusa Coca seria a vingança contra a usura", afirma Joãosinho. O fato de o Mato Grosso ser a porta de entrada da cocaína no Brasil estaria ligado à destruição do quilombo.

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