São Paulo, quarta-feira, 2 de fevereiro de 1994
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Pesquisadores criam droga contra artrite

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cientistas britânicos anunciaram ontem uma nova droga para a artrite reumatóide que se mostrou promissora em testes clínicos realizados em um hospital de Londres. Segundo eles, os resultados, publicados na revista científica "Arthritis and Rheumatism" mostraram uma melhora nos pacientes que durou de três a cinco meses, depois de duas semanas de tratamento com a droga.
"Acho que podemos ter em nossas mãos uma droga que realmente detém o processo da doença, em oposição a tratar apenas o sistema (de sintomas)", disse à rede de televisào BBC Tiny Maini, do Instituto de Reumatologia Kennedy de Londres, um dos chefes da pesquisa. Segundo ele, no máximo dentro de dois anos o uso da droga estaria regulamentado pelas autoridades.
Os testes foram realizados no Hospital Charing Cross de Londres em 20 pacientes crônicos que sofriam da doença. "Para muitos deles foi o maior alívio que tiveram com remédios, e vários já se voluntariaram para tratamentos adicionais", disse.
A pesquisa desvendou, ao longo dos últimos oito anos, o papel de uma molécula chamada "fator de necrose tumoral" (TNF), fundamental no desenvolvimento da artrite reumatóide.
A doença causa danos às juntas de diversas partes do corpo de cerca de um milhão de pessoas no Reino Unido. A rigidez das articulações pode causar deformidades e até levar ao confinamento à cadeira de rodas. Além das juntas, a doença também pode atingir pulmões e coração, ter efeitos sobre o sistema nervoso e produzir lesões nos olhos.
A nova droga contém anticorpos monoclonais (cópias idênticas feitas a partir de um anticorpo específico) que bloqueiam o TNF. Eles são produzidos através de engenharia genética por uma companhia de biotecnologia dos EUA.
"Muitos pesquisadores estiveram envolvidos na equipe. O teste clínico foi elaborado para verificar se o bloqueio da molécula TNF aliviaria a doença", disse o Maini, que chefiou a pesquisa com Marc Feldmann.
O médico ressaltou, porém, que são necessários testes de longo prazo antes de comercializar a droga. "Até que os testes sejam concluídos com sucesso, o acesso à nova droga deve ficar limitado aos pacientes inscritos em testes clínicos", disse Maini.

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