São Paulo, quarta-feira, 2 de fevereiro de 1994
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Fernão Dias tem 60 km de buraco

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas do início das obras que a duplicarão, a rodovia Fernão Dias (BR-381), que une São Paulo a Belo Horizonte, parece uma estrada abandonada. Cerca de 60 dos seus 586 quilômetros estão totalmente esburacados, falta policiamento e o acostamento, quando existe, foi transformado em pista de alta velocidade.
A reportagem da Folha percorreu ontem 360 quilômetros da rodovia, a partir de São Paulo. É uma aventura de alto risco. Entre Lavras e Três Corações (Minas Gerais), para evitar os buracos, caminhões invadem a faixa da contramão a mais de 100 km/h ou entram nos acostamentos de terra, levantando uma nuvem de poeira que chega a afetar a visibilidade.
O trecho mineiro da rodovia –o primeiro a ser duplicado– é o que está em pior estado. Placas de sinalização, quando existem, estão enferrujadas ou destruídas. Não há marcação de quilometragem em boa parte da rodovia.
O drama dá lugar à piada num trecho perto de Atibaia (SP). Sobre uma placa que anuncia "Desvio a 1 km", um engraçadinho acrescentou um zero, adiando o desvio para dali a dez quilômetros. O problema é que não há mais desvio algum na estrada –a placa, antiga, foi esquecida na rodovia.
Às 10h40 da manhã, a reportagem pára num posto da Polícia Rodoviária Federal, localizado a cerca de 250 quilômetros de São Paulo. Uma perua da polícia está estacionada ali, mas o posto está vazio, aparentemente abandonado.
"O patrulheiro devia estar atendendo alguém na estrada", justifica o inspetor José Lourenço Neves, 57. Segundo ele, a Polícia Rodoviária conta com 80 homens na parte mineira da BR-381 e precisaria de mais 120 para trabalhar bem. A esperança dos patrulheiros é a contratação anunciada de mais 450 policiais em Minas. "Vai melhorar muito. Vamos poder rodar ao longo da estrada", diz o patrulheiro Joaquim Xavier Pereira, 48. "Agora, tem estrada muito pior do que essa", acrescenta.

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