São Paulo, quarta-feira, 2 de fevereiro de 1994
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Perdigão vende ativos para aliviar caixa

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Perdigão prepara-se para vender duas unidades de esmagamento de soja, um frigorífico e imóveis. A transferência desses ativos devem injetar US$ 60 milhões no caixa da empresa, combalido por dívidas que somam US$ 280 milhões.
Também foi aprovada ontem, em assembléia de acionistas, a repactuação do prazo de pagamento da dívida que a holding Videira (pertencente à família Brandalise) mantém com o grupo, cujo prazo de quitação venceu em 31 de janeiro de 1993.
O novo prazo estabelecido estende-se até o dia 31 de janeiro de 1995. Segundo o empresário Eggon João da Silva, acionista minoritário que ocupa a presidência da Perdigão, o débito totaliza US$ 90 milhões, dos quais US$ 31,8 milhões se referem a fiança "indevidamente usada" para uma operação internacional.
Os empresários Saul e Flávio Brandalise, controladores da Perdigão, não foram localizados ontem. Ricardo Menezes, diretor de relações institucionais, disse que eles determinaram ao Banco Garantia, encarregado da negociação, de acelerar ao máximo a venda de ações em poder da Videira, que detém participação de 75% na Perdigão.
Como existem empresas interessadas no negócio, é provável que o controle do grupo seja transferido bem antes de expirar o prazo estabelecido para a quitação da dívida. Operações desse tipo, conforme apurou a Folha, costumam ser fechadas em menos de seis meses. A transferência do controle seria mais compensadora que a de blocos de ações.
Entre os compromissos assumidos pelos controladores, de acordo com o atual presidente, consta o de antecipar US$ 25 milhões, em até 90 dias, através da venda de parte das ações da Videira (o patrimônio é estimado acima de US$ 120 milhões).
Em contrapartida à repactuação da dívida, os Brandalise ofereceram, além de sua participação acionária na Perdigão, participações societárias em outras empresas e bens imóveis. "As garantias foram ampliadas e melhoradas em relação ao contrato anterior", afirmou Silva.
Segunda maior empresa do setor frigorífico, a Perdigão fechou 1993 com exportação de US$ 172 milhões, cerca de 15% superior ao do ano anterior. Seu faturamento alcançou US$ 584 milhões. "Esse resultado foi obtido durante um período conturbado, o que demonstra a vitalidade da empresa", disse Menezes.

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