São Paulo, quarta-feira, 2 de fevereiro de 1994
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Montagens celebram o sagrado e o profano

HÉLIO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

"Quero reunir o máximo possível de pessoas para fazer uma grande festa de Carnaval. Não quero uma relação incestuosa com o meu grupo. Quero uma coisa mais promíscua e orgiástica, por isso pretendo reunir vários elencos", convoca José Celso Martinez Correa, que vai fechar a programação do "Teatral Paulista – O Avesso do Carnaval", terça-feira, dia 15.
"Mistérios Gozozos", adaptada de um poema escrito por Oswald de Andrade nos anos 50, foi encenada pela primeira vez por Zé Celso em 82. "Foi num dia de Finados, durante uma oficina, uma encenação 'intra-muros"', diz. "Agora, quero esquecer a paixão antiga que tenho por essse texto e reavivar minha libido para fazer dele uma paixão nova".
"Essa peça sempre foi encenada incompleta e em pequenos espaços. Agora, finalmente, o mistério se abre. E no Carnaval. É interessante porque eu sempre vi essa história como um enredo de escola de samba. Ela tem um lado do Carnaval que faz parte do teatro brasileiro", diz Zé Celso.
A relação "mágica" com o Carnaval também permeia o novo espetáculo de Romero de Andrade Lima, que fecha a trilogia aberta com "Auto da Paixão" com o espetáculo "9 Estórias de Amor e Perdição", programado para domingo, dia 13. Depois de tematizar vida e morte de Cristo e da Virgem, Andrade Lima considera que desta vez ele vai pagar o "quinhão do demônio".
"A peça lida com o mal desde como ele aparece no imaginário infantil até o mal aparecendo de forma imaterial, como acontece em Jorge Luis Borges, por exemplo", define o diretor.
Gerald Thomas, que mostra "UnGlauber" ao ar livre na segunda, dia 14, quatro dias depois de estréia no Sesc Pompéia (prevista para o dia 10), diz que o cenário favorece a apresentação em espaço aberto. "O cenário tem uma monumentalidade que não precisa ficar restrita à caixa preta do teatro", diz Thomas. (HG/)

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