São Paulo, quarta-feira, 2 de fevereiro de 1994
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Crise afasta governos e empresários

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

A edição 1994 do Fórum Econômico Mundial encerrou-se ontem com uma clara divergência entre o otimismo dos governantes para o médio prazo e a expectativa mais sombria e até irritada do empresariado, pelo menos o europeu. Somente nos EUA o otimismo contamina as duas partes, embora um terceiro parceiro (os acadêmicos) mostrem menos entusiasmo.
Ao resumir os resultados de um encontro informal entre as autoridades presentes (chefes de Estado e governo, ministros, presidentes de bancos centrais), Raymond Barre, ex-premiê francês, disse que no médio prazo "o mundo poderia entrar em um longo período de crescimento com estabilidade".
Em contrapartida, em mesa redonda só de empresários, o italiano Carlo de Benedetti, presidente do grupo Olivetti, disparou: "As consequências sociais da recessão necessitam liderança política e há uma carência de liderança política em qualquer país da Europa".
No caso específico dos Estados Unidos, a economia em mais sólido crescimento entre os países ricos, mesmo um alto funcionário do governo, como Lawrence Summers, subsecretário do Tesouro, adverte: "Embora a recuperação esteja finalmente estabelecida com solidez, ela terá que ser muito rápida nos trimestres imediatos se queremos alcançar o ritmo médio das recuperações anteriores".
No resto do mundo rico, a situação é muito pior pelas contas de Summers: "Até o fim de 1994, a brecha entre o efetivamente produzido e a capacidade de produção excederá US$ 1.000 por pessoa na União Européia e no Japão e com tendência ascendente".
O caso do Japão parece ser o mais inquietante. "A recessão japonesa é mais longa e profunda do que se esperava e ninguém sabe quando a economia vai se recuperar", afirma Yutaka Kosai, presidente do Centro Japonês para Pesquisas Econômicas.
No que todos -empresários, acadêmicos e autoridades- estão de acordo é na previsão de que "o simples crescimento econômico não será suficiente para resolver o problema do desemprego", como diz o alemão Horst Siebert, presidente do Instituto Kiel de Economia Mundial.

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