São Paulo, quinta-feira, 3 de fevereiro de 1994
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Deputado manda prender depoentes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A sessão de ontem da CPI da Previdência na Câmara terminou com os depoentes presos. Diante da recusa dos acusados, Ilson Escóssia da Veiga e Alaíde Ximenes, em falar, o presidente da CPI, deputado Paulo Novaes (PMDB-SP), deu voz de prisão a ambos e ainda deteve a advogada de Ximenes, Eni Moreira.
A CPI iria fazer uma acareação entre Escóssia e Ximenes, a pessoa que recebeu a maior indenização já paga até hoje pela Previdência, US$ 88 milhões. Escóssia foi advogado de Ximenes no processo que levou ao pagamento. Nos depoimentos individuais que cada um prestou à CPI, houve contradições. Escóssia declarou que Ximenes havia recebido da Previdência US$ 44 milhões, enquanto Ximenes afirmou que não recebera mais que US$ 2,7 milhões.
Diante da contradição, a CPI resolveu colocá-los frente a frente. Iniciada a sessão, porém, os dois se recusaram a responder às perguntas da CPI. Irritada com o silêncio de ambos, a relatora da CPI, deputada Cidinha Campos (PDT-RJ) lembrou a eles que compareciam ali como testemunhas, e não réus. Paulo Novaes insistiu, então, que a recusa em falar era crime, previsto na Constituição. Os dois continuaram calados.
Novaes chamou a segurança da Câmara para autuá-los em flagrante. Antes que saíssem presos da sala, o deputado Moroni Torgan (PSDB-CE), ainda tentou convencer Ximenes a falar. Ximenes começou a chorar, o que provocou uma intervenção de sua advogada: "Isso é coação. Não aceite. Não fale!" Novaes resolveu prendê-la também. Eni foi detida numa sala da Câmara por quatro horas e liberada às 21h30, após pagar fiança de CR$ 20 mil.
Ao final do tumulto, Ximenes aceitou depor. No fim da tarde, a CPI fez sessão secreta para ouvir seu depoimento. A atitude de Ximenes deverá relaxar sua prisão. Escóssia permanece detido.

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