São Paulo, quinta-feira, 3 de fevereiro de 1994
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Ibama revela contrabando de madeira

ANDRÉ LOZANO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) descobriu uma rota internacional de contrabando de madeiras nobres do Amazonas ao Texas (EUA). O órgão apreendeu ontem em Manacapuru (a 78 km de Manaus) 58,3 toneladas de madeiras cortadas em forma de dormentes, que poderiam ser usadas para o assentamento de trilhos. Segundo o Ibama, a empresa acusada de desviar o produto, a Hootman Importação e Exportação Industrial e Comercial Ltda., lucraria cerca de US$ 35,5 mil com esta remessa.
O coordenador de fiscalização do Ibama, José Leland, afirmou que as madeiras que seriam transportadas (maçaranduba, ipê e sucupira) são produtos nobres na região e muito usados na construção de barcos por sua resistência. "Como elas estavam cortadas em forma de dormentes, concluímos que serviriam para a montagem de estradas de ferro no exterior."
O órgão fez a primeira apreensão da madeira na última sexta-feira. Foram recolhidos ao Ibama cerca de 8 m3. A Hootman foi autuada e recebeu uma multa de CR$ 900 mil. Segundo Leland, o proprietário da empresa, um norte-americano que se identificou por Thomas, negou-se a assinar o auto de apreensão. Agora, o processo do recolhimento da madeira vai para instâncias jurídicas do Ibama.
O coordenador de fiscalização do Ibama disse que foi informado pela empresa exportadora da madeira que o produto seria levado para Santarém (PA), em seguida iria para o Caribe, desembarcaria nos EUA pelo Texas e poderia ser comercializado até Washington.
A Folha acompanhou ontem os técnicos do Ibama que retornaram a Manacapuru para fazer a apreensão do resto da madeira. Depois de constatado que os 100 m3 de madeira irregular estavam já acondicionados no Porto da Água Preta à espera da embarcação que os levaria para Santarém, os fiscais do Ibama foram procurar a sede da exportadora Hootman.
Localizado nas dependências do hotel Manacapuru, o escritório da empresa estava fechado. O dono do hotel, Ananias Clemente da Silva, 69, afirmou que Thomas havia viajado no domingo, segundo ele, para os EUA. Silva disse que o norte-americano tem um sócio brasileiro que também não apareceu esta semana no escritório.
Leland disse que a Hootman mostrou uma nota fiscal de recolhimento de madeira que não é válida para a exportação do produto.

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