São Paulo, quinta-feira, 3 de fevereiro de 1994
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Técnico da Colômbia é defensor do espetáculo

JUAN CARLOS G. MARULANDA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Francisco Maturana é o técnico da seleção que surge como a sensação da próxima Copa. Sob seu comando, a Colômbia chegou às quartas-de-final da Copa de 1990 e nas eliminatórias para a Copa dos EUA goleou a Argentina por 5 a 0 em Buenos Aires. Ex-dentista e ex-jogador, Maturana diz ser um defensor do futebol-espetáculo. "Não se pode ficar tão prisioneiro do resultado." Diz que sua seleção e da Parreira têm em comum a busca do espetáculo, criatividade e imaginação e revela predileção pelo líbero Franco Baresi, da Itália.
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Folha - Qual é a sua influência no futebol colombiano? Existe uma era pré e outra pós-Maturana?
Francisco Maturana - Não sou eu que falo isso, mas sim os comentaristas e eles têm suas razões. Eu me considero um trabalhador do futebol. Comecei em 1987, com um bom grupo de trabalho e que conseguiu resultados importantes. Além disso, obteve reconhecimento internacional.
Folha - Como técnico, você tentou implantar algo de que sentia falta na estrutura do futebol quando era jogador?
Maturana - Não, quando era jogador, apenas jogava. Não pensava em outra coisa a não ser jogar futebol. Só vim a pensar nessas coisas depois que parei.
Folha - O futebol colombiano é tão bom quanto dizem os jornalistas estrangeiros?
Maturana - Eu gosto muito dele. Não sei o quanto ele é bom, mas me agrada.
Folha - Qual é a tática que estará na moda na Copa?
Maturana - Não sei. Normalmente é o esquema da equipe vencedora que acaba se impondo. É esse esquema que todos copiam.
Folha - Qual a semelhança entre o futebol colombiano e o brasileiro?
Maturana - Creio que na imaginação, alegria e criatividade. E que as duas seleções atravessam um grande momento.
Folha - Você crê que o futebol brasileiro decaiu depois de 70?
Maturana - Para mim, não.
Folha - Qual a influência do futebol brasileiro sobre o colombiano?
Maturana - Deve ter havido e creio que a Colômbia sofre influência de todos os países, porque grandes astros do futebol de todos os países da América do Sul vieram para cá. Então, algo deve ter ficado, alguma informação que nos permitiu em um dado momento encontrar nossa idéia.
Folha - De que maneira o futebol-espetáculo dá resultado?
Maturana - Dá resultado porque diverte. O futebol é um espetáculo e temos que vê-lo como ele é. Acho que em princípio não se deve ficar tão prisioneiro do resultado porque o espetáculo agrada, relaxa, sensibiliza o espectador.
Folha - Qual é, para você, o melhor jogador do mundo?
Maturana - O futebol é uma questão de gosto. Pessoalmente, eu gosto de Baresi (líbero do Milan e da seleção italiana) porque transmite confiança, tem liderança e cumpre sua função sempre bem. Outras pessoas apontariam outros jogadores, mas é dele que eu mais gosto.
Folha - Que opinião você tem da dupla Bebeto-Romário?
Maturana - É uma dupla muito boa.
Folha - Você prefere qual dos dois?
Maturana - Ambos são bons.
Folha - De quem gosta mais, Telê Santana ou Zagalo?
Maturana - Não sei. Não se pode fazer esse tipo de comparações. Cada um em seu momento foi importante. Ninguém pode desconhecer o momento de Zagalo e o de Telê, que é campeão de tudo.
Folha - Quais são os favoritos para a Copa do Mundo?
Maturana - Brasil, Alemanha, Itália e Argentina.
Folha - Freddy Rincón pode triunfar no Brasil?
Maturana -Creio que ele tem qualidades para triunfar em qualquer parte do mundo.
Folha - Qual é a importância de Rincón na seleção?
Maturana - É um jogador bom, importante, mas no futebol não existem jogadores imprescindíveis.
Folha - Você acha que o futebol precisa de mudanças nas regras para voltar a ser vistoso?
Maturana - Precisa simplesmente que se incentive os talentos.
Folha - O que você acha de se dar três pontos para as vitórias?
Maturana - Não sei. Deve-se viver essa experiência primeiro e depois tirar uma conclusão. Antes disso, não se pode dizer nada.

JUAN CARLOS GÓMEZ MARULANDA é repórter da revista quinzenal "Deporte Gráfico", da Colômbia

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