São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Para 'tucanos', Ciro Gomes articula sua candidatura

CARLOS EDUARDO ALVES

A direção do PSDB acredita que o governador cearense, Ciro Gomes, decidiu tentar a candidatura à Presidência da República. As declarações de Ciro bombardeando a já anteriormente difícil aliança com o PMDB, os ataques a Lula e a procura constante de espaço na mídia levam os tucanos, principalmente os de São Paulo, a apostar que o projeto de curto prazo de Ciro é o Palácio do Planalto.
A irrupção de Ciro no cenário presidencial aguçou a disputa entre os grupos cearense e paulista do PSDB. Apesar de não se explicitarem publicamente, existem divergências entre as duas alas. Na avaliação do grupo mais próximo ao ministro Fernando Henrique Cardoso, Ciro, mesmo que involuntariamente, prestou um relevante serviço contra o Plano FHC, e por tabela contra a candidatura do ministro, ao provocar um duelo verbal com o PMDB.
Se FHC não conseguir viabilizar sua candidatura, abre-se o espaço para o governador cearense disputar a Presidência, acham os tucanos ligados ao ministro. Mas, mesmo criticando o ataque de Ciro ao PMDB, peessedebistas da cúpula admitem que já era quase impossível o acordo eleitoral entre os dois partidos.
No PSDB, fala-se do "efeito Garrincha" na articulação comandada pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS) para unir as duas legendas em outubro. Trata-se de uma referência ao jogador que, após uma complicada explanação do técnico sobre como chegar ao gol adversário, indagou: "O senhor já combinou com o adversário?" Os adversários, no caso atual, são o ex-governador paulista Orestes Quércia e as disputas estaduais entre PMDB e PSDB.
São muito complicadas as relações entre os dois partidos em Estados como São Paulo, Ceará, Bahia, Minas e Paraná, entre outros. Os tucanos, principalmente o senador Mário Covas (SP), têm repetido que em eleição "casada" como a de outubro seria muito difícil explicar ao eleitorado alianças estaduais diferentes da nacional.
Nas conversas com os tucanos, Simon tem insistido que um movimento forte pela união entre os dois partidos pode encurralar Quércia e levá-lo a desistir da candidatura presidencial. Mas nem Simon nem o deputado Luiz Henrique, presidente nacional do PMDB, que também deseja a coligação, dão respostas conclusivas quando os interlocutores pedem garantias se o acordo não seria inviabilizado por Quércia.
Nas conversas com os peemedebistas, os tucanos estão saindo com a impressão de que o ex-ministro Antônio Britto começa a gostar da conversa sobre uma eventual candidatura presidencial. Mas Britto também teme o peso de Quércia num eventual boicote à candidatura.

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Sobre as eleições gerais à pág. 1-8

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