São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Para Fleury, Ciro dá declarações coléricas

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA, E DA REPORTAGEM LOCAL

A discussão sobre uma aliança PMDB-PSDB provocou ontem uma troca de acusações envolvendo os governadores de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), e do Ceará, Ciro Gomes (PSDB). Anteontem, Ciro fez críticas a uma aliança com o PMDB. Ontem Fleury afirmou que, "ao invés de falar com cólera, o governador deveria cuidar do cólera em seu Estado", numa alusão ao fato de que o Ceará é o recordista em casos da doença no país.
"Tudo indica que ele (Ciro) quer ser candidato à custa do fracasso do Fernando Henrique', afirmou Fleury. Fleury disse ainda que foi o presidente do PSDB, Tasso Jereitassi, que o procurou para iniciar conversações. "Como os dois são do mesmo Estado, eles deveriam ter conversado sobre o assunto", ironizou Fleury.
Ciro Gomes reagiu com ironia à declaração de que não conseguia controlar o cólera no Ceará e por isso estaria dando declações coléricas. "Eu acho que esse tiro saiu pelo Carandiru", disse ele, referindo-se ao massacre de 111 presos ocorrido no Carandiru em 92.
"O tiro saiu pelo Carandiru porque, primeiro, o cólera é uma epidemia que está na América Latina inteira e depende pouco de governos, na conjuntura presente. Em segundo, porque o tratamento de suas consequências depende uma boa ação de saúde. E como a saúde é municipalizada, a responsabilidade é da prefeitura, que aqui em Fortaleza está sob comando do PMDB do sr. Fleury há muitos anos", disse Ciro.
O governador afirmou ainda que "prefere abandonar a política" a subir no mesmo palanque do ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, na sucessão presidencial. "O PSDB nasceu como uma negação do quercismo, que é o que há de pior na política brasileira e por isso uma aliança eleitoral não terá meu apoio", disse Ciro.

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