São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Corpo de sindicalista será exumado

DA FOLHA ABCD

A Justiça de Santo André determinou ontem a exumação do corpo do sindicalista Oswaldo Cruz Júnior, morto no dia 6 de janeiro em sua sala no Sindicato dos Condutores do ABCD. Segundo informações obtidas no Fórum de Santo André, o exame será feito pelo médico legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp. Em seu despacho, o juiz Luis Fernando Camargo de Barros Vidal apontou falhas do laudo elaborado pelo médico Juvenal Campiolo, do IML de Santo André.
O laudo elaborado por Campiolo falha, segundo despacho do juiz, em cinco pontos: não há fotos do cadáver, a trajetória dos projéteis não foi descrita, não foi colhido amostra de sangue de Oswaldo e não foi feita "ficha biométrica" do corpo. Além disso, o exame teria sido feito à noite, o que é proibido pelas "normas periciais".Vidal disse que pretende, com o novo exame, confirmar quantos tiros atingiram o sindicalista e determinar dúvidas surgidas com a divulgação de fotos do cadáver feitas pela imprensa através da janela do IML. Nas fotos divulgadas, o sindicalista aparece com a mão esquerda enrolada em um tecido ou plástico preto. Além disso, o corpo de Oswaldo tem no peito uma gaze, que se suspeita seja para encobrir um ferimento. As duas informações não estão no laudo.
Campiolo reafirmou ontem o resultado de seu laudo pericial. O médico disse que tudo o que tinha a dizer está no laudo.
Zezé
José Benedito de Souza, o Zezé, que disse ter matado o sindicalista Oswaldo Cruz Júnior em legítima defesa, se apresentará à Justiça na próxima terça-feira para depor, segundo informou seu advogado David Marques Muniz Rechulski. A prisão temporária decretada contra o assassino confesso de Cruz vence no domingo, e a Justiça de Santo André adiantou que não deverá prorrogar sua validade..O promotor Marcelo Milani, de Santo André, pediu ontem a instauração de uma sindicância para investigar irregularidades na atuação do delegado Nélson Guimarães, do Departamento de Homicídios e Proteçao à Pessoa, no inquérito sobre a morte de Oswaldo.Segundo o promotor, Guimarãres terá que explicar o motivo pelo qual levou o inquérito para São Paulo e por que pediu a prisão de Zezé à Justiça de São Paulo e não à de Santo André, como manda a lei. Além disso, Milani aponta em seu pedido "incompetências técnicas" atribuídas a Guimarães.

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