São Paulo, sexta-feira, 4 de fevereiro de 1994
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Rússia promete proteger a Geórgia em troca de instalar bases militares

HELEN WOMACK
DO "THE INDEPENDENT", EM MOSCOU

Contrariando os conselhos de seus guarda-costas e arriscando-se a provocar a ira do Parlamento russo, o presidente Boris Ieltsin voou ontem para Tbilissi e assinou um controvertido tratado de amizade com o líder georgiano, Eduard Chevardnadze. O tratado prevê que Moscou ajude a Geórgia a estabelecer um Exército, em troca da permissão para manter bases militares na república. Chevardnadze, que no ano passado acusou a Rússia de trair a Geórgia, ajudando os rebeldes abkhazes, declarou que o acordo é "o acontecimento mais importante entre a Geórgia e a Rússia nos últimos 200 anos".
Os guarda-costas de Ieltsin se opuseram à viagem do presidente por razões de segurança. Horas antes de sua chegada, o vice-ministro georgiano da Defesa, Nika Kekelidze, morreu devido à explosão de uma bomba em seu apartamento. Quando o ministro da Defesa, Georgy Kharkharashvili, foi inspecionar os danos, foi ferido na explosão de uma segunda bomba.
Ieltsin e Chevardnadze enfrentarão revoltas devido ao acordo. O general georgiano Kharkharashvili apresentou sua renúncia, aparentemente por ser contrário ao acordo, mas Chevardnadze não a aceitou. Ieltsin enfrentará a ira do Parlamento, que deixou claro que se opõe ao acordo por considerar que ele desestabilizaria a região transcaucasiana e mergulharia o país em conflitos interétnicos.
Os mais insatisfeitos são os abkhazes e outro grupo de rebeldes da Geórgia, os ossetianos, que temem ser abandonados por Moscou. Ieltsin salientou que o tratado só será ratificado quando houver solução para seus problemas.

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