São Paulo, sábado, 5 de fevereiro de 1994
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Para Malan, acordo vai depender do plano

DE PARIS

As chances do Brasil conseguir um entendimento com o Fundo Monetário Internacional antes de 15 de abril –prazo para a conclusão do acordo de reescalonamento da dívida com os bancos particulares- são pequenas e dependem da rapidez com que o Congresso aprove as medidas fiscais.
O presidente do Banco Central, Pedro Malan, que encerrou ontem visita a Washington em que esteve com o diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus, disse que é possível fechar um acordo com o FMI até abril. Ele afirmou estar "confiante de que o Congresso cumprirá com suas obrigações".
Missão técnica do Fundo, liderada por José Fajgembaun, chega a Brasília no domingo para se inteirar dos números recentes da economia. Malan se reuniu com os técnicos do FMI em Washington. Ele acredita que um memorando técnico de entendimento entre Brasil e FMI pode estar pronto até o início de março, se o Fundo Social de Emergência e o Orçamento de 94 forem aprovados em 15 dias. Os dois itens, disse, são suficientes para convencer o FMI do êxito do programa.
Ele preferiu não "especular" sobre um possível pedido de demissão do ministro Fernando Henrique. "Continuo apostando que o Congresso vai aprovar". Malan não quis dizer com que taxa de inflação ele está trabalhando para oferecer como intenção ao FMI. "Temos vários cenários e arriscar um número não faria sentido".
Malan também se encontrou com o presidente do Banco Mundial, Lewis Preston, e com o subsecretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers. A Summers, Malan diz ter feito um relato da situação econômica brasileira. Afirmou que o processo de estabilização demanda tempo e que os problemas não são resolvíveis "no dia D".
Também ontem em Washington terminou a quinta fase das negociações entre Brasil e EUA sobre a questão da proteção ao direito de propriedade intelectual. Não se chegou a nenhuma decisão e se mantém a possibilidade de sanções comerciais contra o Brasil serem anunciadas dia 28.
Carta
O embaixador do Brasil em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima, enviou ontem a Preston, carta em que protesta contra declarações feitas pelo ex-vice-presidente do Banco para a América Latina, Shahid Husain. Husain afirmou ao Conselho das Américas que o Brasil "é a maior nuvem no horizonte da América Latina"
Na carta, Flecha de Lima diz ter ouvido de Preston em dezembro indicação "clara" de que o banco ajudará o Brasil a renegociar a dívida

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