São Paulo, sábado, 5 de fevereiro de 1994
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Ex-ministros votam pela anistia da correção

LILIANA LAVORATTI
GUSTAVO PATÚ

LILIANA LAVORATTI; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Três ex-ministros do governo Itamar Franco ajudaram a aprovar, na Câmara, o projeto de anistia das dívidas rurais que pode arruinar o programa econômico do governo: Antônio Britto (PMDB-RS), ex-Previdência, cogitado como candidato do governo à presidência da República, Dejandir Dalpasquale (PMDB-SC) e Lázaro Barbosa (PMDB-GO), ex-ministros da Agricultura e produtores rurais.
Se for aprovado no Senado, o projeto determinará a devolução de parte dos juros e toda a correção monetária cobrados dos agricultores nos empréstimos bancários desde 1979. O Banco do Brasil, principal financiador agrícola, calculou em US 97 bilhões o rombo potencial do projeto de decreto legislativo. Segundo o BB, o projeto inviabiliza o crédito rural daqui para a frente.
Antônio Britto seguiu a orientação de seu partido –que apóia o governo– ao votar pelo perdão das dívidas rurais, como seis dos nove deputados do PMDB gaúcho. Localizado ontem em Vacaria (RS), Britto não pôde atender à reportagem da Folha. Seu assessor Luiz Fernando informou que o ex-ministro, candidato declarado ao governo gaúcho, participava de uma reunião política.
Segundo levantamento feito com base em dados da Câmara, além dos três ex-ministros, também votou favoravelmente ao projeto o deputado Reinhold Stephanes (PFL-PR), um dos relatores do projeto de reforma fiscal do ministro Fernando Henrique Cardoso e ex-titular da Previdência no governo Collor.Dos 204 deputados favoráveis ao projeto, 50 têm interesse direto no fim da correção monetária e dos juros no crédito agrícola, por serem produtores rurais. Seis desses deputados eram membros da CPI do Endividamento Agrícola, que propôs o decreto, e estão inadimplentes com o Banco do Brasil. O BB não informou quais são os inadimplentes entre os favoráveis ao projeto, devido ao sigilo bancário.
Um deles, Waldir Guerra (PFL-MS), apresentou ontem fac-simile de um ofício datado de 4 de fevereiro de 1994, assinado pelo superintendente em exercício do BB no MS, Milton Luciano dos Santos, informando que "as dívidas do parlamentar e de suas empresas estão em situação de normalidade". A Folha teve acesso a documento do BB de data anterior, que relacionava o deputado entre os inadimplentes.
Outros seis deputados favoráveis ao projeto estiveram entre os investigados pela CPI do Orçamento: Ézio Ferreira (PFL-AM) e Paulo Portugal (PP-RJ), tiveram pedida a cassação de seus mandatos= e mais Jorge Tadeu Mudalem (PMDB-SP), Pinheiro Landim (PMDB-CE), Pedro Irujo (PMDB-BA) e Jesus Tajra (PFL-PI).

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