São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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Italianos dão água para Serra do Mel

PAULO FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SERRA DO MEL (RN)

Com 23 agrovilas, o projeto "Serra do Mel" (295 km a oeste de Natal) para assentamento de 1.196 famílias sempre enfrentou um desafio: a falta d'água. Três presidentes militares, três civis e mais cinco governos estaduais ficaram para trás, e nenhum se dispôs a investir US$ 600 mil para acabar com o problema. Agora, 23 anos depois da criação do projeto, os contribuintes italianos, por meio da Conferência Episcopal Italiana, doaram US$ 600 mil para perfurar um poço com 1.360 metros de profundidade.
Com a instalação de uma bomba que vem dos Estados Unidos, esse poço vai oferecer 250 mil litros de água por hora, suficientes para abastecer os 8.000 habitantes de Serra do Mel, que desde 1988 se transformou em município.
O padre italiano Giuseppe Venturelli, há 15 anos radicado em Areia Branca, município vizinho, cansado de ver, segundo ele, "a omissão dos governantes e o sofrimento do povo" –que passa até 15 dias sem ver água–, elaborou um projeto de abastecimento e enviou ao Vaticano. A Conferência Episcopal Italiana aprovou o projeto e liberou o dinheiro, que recebe do governo daquele país para um fundo de ajuda aos países do Terceiro Mundo.
O padre afirma que agora só espera o governador José Agripino Maia (PFL) cumprir o que prometeu, que é investir US$ 250 mil para implantar o sistema de abastecimento. "Eu quero que o governo coloque as tubulações nas 1.500 casas, porque água tem de sobra no subsolo dessa região", afirmou. Ele espera que pelo menos outros dois poços sejam perfurados no município.
O prefeito José de Anchieta Martins (PDT) afirma que como a receita da prefeitura é de CR$ 20 milhões mensais ele teria de evitar qualquer despesa durante oito meses para poder perfurar um poço.
Serra do Mel é a primeira cidade cooperativista do país. A exploração da castanha de caju é a única atividade econômica local, e os habitantes vivem em função de duas cooperativas: a Coopermel e a Coopercaju. A primeira industrializa a amêndoa. A Coopercaju reúne beneficiadores artesanais de castanha, que trabalham com as famílias em suas próprias casas.

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