São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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Paz não reduz violação de direitos humanos

CLAUDIO GARON
DA REDAÇÃO

As negociações de paz na África do Sul e no Oriente Médio podem der dado a seus principais protagonistas o Nobel da Paz (no caso sul-africano) e o título de homens do ano, mas não acabaram com as violações dos direitos humanos nessas regiões. O israelense Celso Garbarz, 39, membro do Comitê Executivo da Anistia Internacional, disse à Folha, durante visita ao Brasil, que nos territórios ocupados por Israel houve mesmo aumento da violência. Na África do Sul, prosseguem as violações dos direitos humanos.
Entre as preocupações atuais da Anistia está o respeito aos direitos humanos no conflito entre Exército e rebeldes em Chiapas (sul do México). Relatório divulgado há duas semanas aponta diversas violações cometidas pelo Exército.
Opositora incondicional da pena de morte, a Anistia detecta um crescimento da popularidade das execuções no mundo. Para a entidade, a oposição à pena de morte baseia-se no respeito ao direito à vida. "Democracia e direitos humanos nem sempre caminham juntos", diz Garbarz, sobre propostas de plebiscito para adoção da pena.
Paulistano do Bom Retiro, Garbarz emigrou para Israel em 1974. Entre 1983 e 86, esteve no Brasil como representante do movimento pacifista israelense Paz Agora e aqui se filiou à Anistia Internacional. Em 1986, voltou a Israel e continuou trabalhando na Anistia.
Militante pacifista num país em estado de guerra, Garbarz diz que era visto de forma negativa, até mesmo como um "traidor" pela população israelense. Ex-enfermeiro do Exército, Garbarz conta que chegou a ser preso. A publicação de um diário no qual conta sua experiência como militar nos territórios ocupados rendeu-lhe uma condenação a 15 dias de prisão.
Sobre o processo de paz, diz que os pacifistas sempre souberam que ele começaria, apenas foram surpreendidos pelo momento: "Parece que eles acordaram antes do que a gente imaginava." Garbarz lamenta, no entanto, que a questão do respeito aos direitos humanos ainda não entrou na pauta das negociações entre o presidente da OLP, Iasser Arafat, e o premiê de Israel, Yitzhak Rabin.

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