São Paulo, segunda-feira, 7 de fevereiro de 1994
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São Paulo e Portuguesa empatam nos erros

UBIRATAN BRASIL; JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O empate de 1 a 1 entre São Paulo e Portuguesa, ontem à tarde, no Canindé, revelou a falta que faz um técnico. No São Paulo, a ausência de Telê Santana novamente foi sentida: no ainda errado posicionamento do volante Axel, na confusão tática que prende o meia Juninho e na falta de disciplina, que culminou com a expulsão do lateral Vítor. No lado da Portuguesa, o técnico Fito Neves não conseguiu resolver o crítico problema do meio-campo, onde nem a presença dos novatos Cuca e Caio (ambos ainda com pouco fôlego) corrigiu o perigoso espaço inocupado que separa o meio do ataque e afasta o time das vitórias.
Os erros são-paulinos mostraram-se mais graves. E o posicionamento do volante Axel desponta como mais crítico. Com a tarefa de comandar a marcação no meio, o jogador, porém, ainda se confunde com Doriva no espaço a ser ocupado. Em muitos momentos do jogo, ambos trombavam na faixa direita, obrigando o recuo constante do lateral Vítor para compensar a falha. O técnico interino Muricy esgoelava-se, do banco de reservas, tentando orientar a colocação dos jogadores. O acerto só veio depois de um momento crítico.
Cansado de segurar a marcação, Vítor mostrou a pequena dimensão de sua paciência e, aos 25min do 1º tempo, deu um soco no meia Gláucio. A justa expulsão do lateral obrigou Doriva a revezar com Axel na cobertura pela direita, principalmente com a entrada do ponta Maurício.
O problema no meio-campo repercutia no ataque. Sem querer recuar para facilitar o lançamento, o centroavante Valdeir isolou-se na área, sobrecarregando o estreante Euller –com poucos treinos no novo clube, o atacante mineiro sentia dificuldade, tanto para armar a jogada no meio-campo como para chegar até Valdeir, barrado pela marcação da Portuguesa.
Os efeitos práticos resultaram no primeiro gol da Portuguesa, que ensaiou um esquema tático ajustado somente nos minutos em que os meias Cuca e Caio exibiram fôlego. Com Cuca alternando com precisão os lançamentos pelas pontas, a Portuguesa confundia a marcação adversária, até conseguir o gol em um lance de virtuosismo exagerado. Aos 16 minutos do 1º tempo, o zagueiro Júnior Baiano atrapalhou-se com a bola e perdeu a jogada para Sinval. Desesperado, o goleiro Zetti foi obrigado a agarrar o centroavante dentro da área. No minuto seguinte, Cuca cobrou no canto esquerdo.
A vantagem numérica no marcador e em campo, com a expulsão de Vítor, enganou a Portuguesa. O time de Fito Neves não conseguia aproveitar a enorme brecha na faixa direita são-paulina, mesmo com a escalação do ponta Maurício. O problema era a falta de raciocínio: Sinval e Caio contentaram-se com a presença do ponta e não exploraram o buraco, esperando pelos lançamentos que raramente aconteciam –se não era brecado por Doriva, Maurício perdia para Gilmar.
A combinação de erros resultou no gol de empate, em que André confessadamente errou ao cruzar para área e encobriu o goleiro Márcio, no último minuto do 1º tempo. Foi o toque final no clássico dos erros.

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