São Paulo, segunda-feira, 7 de fevereiro de 1994
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Relatório mostra que garotas vão à escola durante menos tempo

FERNANDA GODOY
DE NOVA YORK

No mundo inteiro, existem 76 milhões de meninas a menos do que o número de meninos matriculados em escolas de 1.º e 2.º graus. O dado foi revelado por um estudo do instituto Population Action International, divulgado semana passada nos EUA. Os países pobres são, em geral, os que mais discriminam as garotas na luta por vagas nas escolas, mas a América Latina é exceção: nenhum país da região foi enquadrado nas duas piores categorias.
A maioria dos países latino-americanos mereceu uma nota "razoável" (60 a 75 pontos) ou "boa" (75 a 90 pontos) pelo equilíbrio na distribuição de vagas. O Brasil marcou 74.7 pontos. Cuba e Argentina tiveram índices comparáveis ao dos Estados Unidos ou dos países escandinavos (acima de 90 pontos). "Para mim, foi uma surpresa. A América Latina se saiu excepcionalmente bem, em comparação com regiões da Asia e da Africa com renda per capita semelhante", disse a editora do relatório, Shanti Conly.
Os países de cultura islâmica, onde as mulheres têm um papel subalterno, apresentaram os piores índices. Isso acontece até no Oriente Médio, que tem altas rendas per capita devido ao petróleo. Segundo Shanti Conly, as barreiras culturais são difíceis de superar, mas existe uma ligação forte com problemas econômicos. "As famílias não têm dinheiro para educar seus filhos e filhas; acabam optando pelos homens."
Segundo a especialista, pequenos incentivos econômicos podem gerar resultados expressivos. "Eu acompanhei um programa em Bangladesh que dava ajudas de custo de US$ 2 ou US$ 3 por mês para as famílias que mandassem suas filhas à escola. Em pouco tempo, vimos meninas indo de bicicleta à escola, algo inimaginável em uma sociedade que praticamente tranca as mulheres em casa após a puberdade", disse Shanti.
Segundo o estudo, será necessário investir US$ 6,5 bilhões para eliminar as diferenças. O Population Action International destaca que para cada ano de educação a mais para as mulheres corresponde uma queda na taxa de mortalidaee infantil entre 5% e 10%.

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