São Paulo, terça-feira, 8 de fevereiro de 1994
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FHC pressiona Congresso e diz que chegou ao limite

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em pronunciamento de dez minutos em cadeia nacional de rádio e TV, o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, cobrou ontem do Congresso "responsabilidade". Afirmou que chegou ao seu "limite" nas negociações com os parlamentares e deixou implícito que deixará o governo caso o Fundo Social de Emergência, principal medida do seu plano econômico, não seja aprovado. "Se não gosta do programa, que o rejeite. Não faltará quem proponha outros caminhos", disse.
Fernando Henrique afirmou que sem o FSE "não será possível combater a inflação". Segundo ele, nunca um ministro da Fazenda negociou tanto com o Congresso.
Fernando Henrique disse que o Brasil vive um momento de "grandes contradições". Sem citar nomes ou siglas, o ministro bateu duro no Congresso. Referindo-se aos parlamentares, disse: "Sabem pedir, sabem reivindicar, mas fogem de suas responsabilidades".
Além de cobrar uma decisão rápida sobre o plano, Fernando Henrique lembrou aos parlamentares que as reformas constitucionais nas áreas tributária e da Previdência Social ainda não foram feitas. "São mudanças fundamentais para zerar o déficit", disse.
FHC ainda leu índices positivos de sua gestão –US$ 12 bilhões de ingressos de recursos estrangeiros, reservas cambiais superiores a US$ 33 bilhões ("um recorde"), aumento da massa salarial em 10% e aumento do nível de emprego de 3%. Citou por duas vezes a frase "o Brasil tem pressa" e afirmou estar lutando por uma privatização mais ampla.
Ao relacionar as três fases de seu plano de combate à inflação, o ministro que só depois da votação do FSE e do Orçamento, peças essenciais do ajuste das contas públicas, o plano passará à fase dois, que é a introdução da Unidade Real de Valor como indexador, para se constituir num "padrão de valor estável". Em seguida, na terceira fase, o indexador será transformado em moeda.

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