São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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FHC mantém criação da URV em março

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, disse ontem que vai aguardar o Congresso promulgar a emenda constitucional do FSE (Fundo Social de Emergência) aprovada ontem para adotar a URV (Unidade Real de Valor) como indexador da economia. Segundo ele, isso deverá acontecer no início de março. "Vamos trabalhar as questões técnicas, pois já temos as condições políticas para dar esse passo", disse o ministro, com ar de cansaço pelo dia de intensas negociações com parlamentares.
A hipótese de o STF (Supremo Tribunal Federal) barrar a promulgação imediata da emenda do FSE não preocupa a equipe econômica. "O STF deverá entender que o país não pode se ater a obstáculos desta natureza", afirmou o ministro. Para o secretário-executivo do Ministério, Clóvis Carvalho, levantar esse tipo de dúvida é "procurar pêlo em ovo".
Ao sair do ministério, às 22h, disse que a inflação começará a cair se houver uma "reação positiva" à implantação da URV, a segunda etapa do plano. "Se a URV não fizer os preços baixarem, a inflação só cairá quando adotarmos uma nova moeda."
A expectativa de FHC é que o Congresso "demonstre a mesma energia" na segundo turno da votação da emenda. "Os parlamentares mostraram vontade política para marchar rumo a uma economia estabilizada", disse o ministro.
A implantação da URV vai exigir uma negociação mais ampla que a realizada para o governo aprovar a emenda do FSE no Congresso, segundo FHC. "Queremos um processo democrático, por isso vamos precisar da compreensão de toda a sociedade, inclusive dos sindicatos de trabalhadores", disse Fernando Henrique.
O ministro afirmou que não pulará etapas do plano. "Não vou criar a nova moeda por causa de calendário eleitoral, mas sim quando a economia estiver preparada para isso", disse FHC. Na previsão dele, a URV só vai virar moeda quando os preços relativos estiverem acomodados. A adoção de um indexador único da economia servirá para preparar o terreno, defendeu FHC.
Com a criação da URV (Unidade Real de Valor) possivelmente em março, todos os preços públicos, tarifas e contratos do governo serão convertidos em URV. O salário mínimo e o pagamento dos benefícios da Previdência Social relativos ao mês de março também serão convertidos em URV. A adesão dos demais setores da economia ao novo índice será voluntária.
A criação da nova moeda (provavelmente em abril) demandará um ajustamento das relações econômicas. O governo deverá editar medida provisória para fixar os critérios de conversão para a nova moeda dos salários, aluguéis, mensalidades, planos de saúde etc.

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