São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Aprovação do FSE amarra candidatura FHC

TALES FARIA; EUMANO SILVA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Erramos: 18/02/94
O quadro com o resultado da votação que aprovou a criação do Fundo Social de Emergência, incluia erroneamente o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA) entre os parlamentares do PP. O quadro também informava erradamente que Paulo Rocha havia votado a favor do FSE. O deputado, assim como os demais parlamentares do PT, não participou da votação.
A aprovação do FSE (Fundo Social de Emergência) pelo Congresso ontem amarrou o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, ao cargo e dificultou sua candidatura à sucessão do presidente Itamar Franco. Foi a partir da avaliação de que FHC ficaria fora da sucessão que os líderes dos principais partidos passaram a trabalhar pela aprovação do fundo.
Até mesmo as cúpulas do PSDB e do PMDB, reunidas antes da votação em almoço no Ministério da Fazenda, concluíram que FHC, com a aprovação do FSE, fica sem discurso para deixar o governo e é obrigado a permanecer no cargo para gerir o plano econômico.
No almoço, foi decidido não aceitar acabar com a desvinculação da Constituição de parte dos recursos para educação e habitação prevista no projeto do FSE. Àquela altura, os líderes dos principais partidos governistas já davam como certa a aprovação do FSE. "Agora ele tem que ficar para gerir o plano", disse, depois do encontro, o líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS).
Ele expressava uma opinião compartilhada pelos demais participantes do almoço: os líderes do PSDB na Câmara, José Serra (SP), e no Senado, Mário Covas (SP), os líderes na Câmara do PMDB, Tarcício Delgado (MG), e do governo, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), o presidente do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC), e até o governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho.
Manobra
Mas uma manobra dos governistas impediu a votação dos destaques contrários à desvinculação da Constituição dos gastos com educação e habitação da e permitiu a aprovação do FSE na íntegra. Os líderes do governo apresentaram um requerimento propondo a rejeição em bloco de todos os destaques. "Eles esconderam suas bancadas atrás do anonimato e aprovaram o requerimento", reclamou o presidente do PPR, Esperidião Amin (SC).
Antes de ser anunciado o resultado, começou no plenário do Congresso a cobrança para FHC permanecer no cargo. Também começaram as articulações para a sucessão já levando em conta o ministro como não-candidato.
"Ele não tem mais desculpa para deixar o cargo", arrematou o líder do PFL na Câmara, Luís Eduardo Magalhães. Ele é filho do governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, que articula com o prefeito Paulo Maluf, de São Paulo, uma chapa anti-Lula.
Luís Eduardo já contava com o apoio do presidente da Confederação das Associações Comerciais do Brasil, Guilherme Afif Domingos: "Seria a forma de o ministro agora mostrar coerência e apontar para o mercado com uma expectativa de estabilidade."
No outro canto do plenário, o líder do PMDB, Tarcísio Delgado, cobrava de Antônio Britto (PMDB-RS) uma definição rápida: "O FHC já não é mais candidato. Você tem que se definir para ocupar esse espaço. Caso contrário, nosso grupo vai ter que escolher outro nome para fazer frente ao Quércia."Seu vice-líder, Aloísio Vasconcellos (MG), já falava publicamente: "O PMDB tem que cobrar agora a permanência do ministro no cargo até o último dia do governo, enquanto articulamos uma aliança com o PSDB para a sucessão."

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