São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Indústria corta 11.939 empregos

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Indústria corta 11.939 empregos
Demissões aumentam pelo quarto mês consecutivo, segundo o nível de emprego da Fiesp
Com a demissão de 11.939 trabalhadores em janeiro, uma queda de 0,51% em relação a dezembro, o nível de emprego na indústria de São Paulo completou seu quarto mês consecutivo de retração, de acordo com dados divulgados ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"O ano começou mal", disse Horacio Lafer Piva, diretor do Departamento de Pesquisas da Fiesp. "De outubro até janeiro, a indústria paulista fechou cerca de 45 mil postos de trabalho, refletindo a incerteza dos empresários com relação à política econômica do governo", afirmou.
Nos últimos doze meses, o nível de emprego mostra uma redução de 0,57%, representando a dispensa de 13.453 trabalhadores pela indústria paulista. "Não é um número confortável", disse Piva. Ele manifestou pessimismo com relação às perspectivas do emprego industrial nos próximos meses.
"Não vejo melhoria nesse quadro até que o governo resolva como e quando o novo indexador e futura moeda, a URV (Unidade Real de Valor) será aplicado aos preços", disse. Para ele, os agentes econômicos vão ficar na "defensiva" enquanto as regras da URV não forem conhecidas.
Piva disse que a indefinição da URV e as altas taxas de juros estão criando dificuldades nas relações entre a indústria e o comércio. "A indústria demite, preferindo trabalhadores em horas extras para atender a carteira de pedidos e no comércio continua havendo resistência em manter estoques."
Piva disse que dois fatores explicam a queda do nível de emprego industrial paulista: "O comércio, afetado pelo desaquecimento nas vendas e corrida à poupança, compra da indústria o que é estritamente necessário e a indústria investe o estritamente necessário, adiando o lançamento de novos produtos, o aumento da capacidade e a abertura de novos postos de trabalho".
Segundo Piva, a expectativa dos agentes econômicos está "amarrada" na questão da transição do cruzeiro real, "uma moeda avacalhada" disse, para a URV. "As declarações desencontradas da equipe econômica sobre a URV causa temor nos empresários, uma situação cuja consequência é a antecipação das demissões."
A pesquisa da Fiesp junto a 46 sindicatos patronais revelou que 13 setores apresentaram desempenho positivo, 21 negativos e 9 permaneceram estáveis.

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