São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Produtores também querem reter o café

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo estuda mudanças na portaria que privatizou o sistema de retenção do café, de modo a permitir a inclusão dos produtores nesse programa.
Atualmente, apenas os exportadores estão obrigados a reter nos armazéns do governo parte (até 20%) das sacas de café a serem embarcadas para o exterior, a fim de evitar um aumento da oferta do produto no mercado internacional e a consequente queda dos preços.
Segundo o secretário de Política Comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, Frederico Robalinho, a adesão ao sistema de retenção está sendo solicitada pelos próprios produtores, que têm interesse nos "warrants" (certificados de depósito do produto) emitidos pelo Banco do Brasil. Esses títulos podem ser negociados no mercado, garantindo aos produtores uma antecipação de receita.
Implantado em outubro do ano passado pela Associação dos Países Produtores de Café, da qual o Brasil participa, o sistema de retenção está desde o último dia 4 nas mãos dos exportadores. A participação do governo no programa limita-se ao armazenamento do produto e à fiscalização do café retido.Segundo Robalinho, a privatização do programa de retenção foi bastante benéfica. Da última quarta-feira até ontem, o preço médio da saca de café subiu de 73 para 77,10 centavos de dólar por libra-peso (453,59 gramas). Se os preços se mantiverem acima dos 75 centavos por um período de 20 dias úteis, o índice de retenção do produto cairá de 20% para 10%. Se os preços superarem os 85 centavos de dólar por libra-peso, a retenção é suspensa.
Até o final da tarde de ontem, o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo ainda não tinha informações sobre o pagamento da dívida do setor junto ao governo. O setor tinha prazo até ontem para pagar US$ 50 milhões de empréstimos de colheita e outros US$ 24 milhões de financiamento de custeio da safra 92/93, num total de US$ 74 milhões. O pagamento poderia ser feito em dinheiro ou em café. A expectativa do governo é de que receberia US$ 50 milhões em café (cerca de 620 mil sacas) e o restante em dinheiro.

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