São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Até o fim do mundo

THALES DE MENEZES

No último fim-de-semana, nomes estranhos apareceram no notíciário do tênis. Nomes como Paquistão, Sri Lanka, Tailândia e Guatemala. São países ausentes do universo do tênis. No circuito, qualquer país desses só vira notícia se resolver sediar um torneio para receber os grandes tenistas, estes sim representantes do tradicional mapa-mundí tenístico, vindos da Alemanha, EUA, França, Austrália, Brasil.
Dessa vez, no entanto, Sri Lanka, Tailândia e cia. deixaram de ser apenas cenários exóticos para tenistas famosos. Viraram personagens ativos da disputa, na rodada pré-classificatória da Copa Davis 94. Resumindo, é o "qualifying" da competição. Nem a divisão em zonas e grupos variados foi suficiente para incluir todos os aspirantes ao campeonato, obrigando a realização dessa triagem.
Daí, vem a pergunta inevitável, que deve ter sido feito em pontos espalhados do planeta: Sri Lanka tem tenistas? Bem, na verdade, Sri Lanka não possui nem quadra de tênis. Sua inscrição na Davis é fruto da iniciativa de dois estudantes cingaleses (sim, quem nasce em Sri Lanka é cingalês).
Esses dois rapazes estudam em universidades nos EUA e lá tiveram seu primeiro contato com o esporte. Animados com bons resultados em torneios universitários, resolveram bancar a equipe do país. Descobriram mais um cingalês jogando no México, encontraram um tenista português disposto a se naturalizar e, passados três anos do nascedouro da idéia, Sri Lanka entrou na Davis.
Pelo sorteio, caíram contra a Tailândia, na casa do adversário. Foram derrotados por inapeláveis 5 a 0, mas foi até bom, já que os tenistas iriam bancar a construção de uma quadra moderna no país apenas para sediar um possível confronto na rodada seguinte.
A história de Sri Lanka leva ao exagero uma situação comum nas chamadas zona asiática e zona euroafricana da Davis. São países com raríssimas quadras e uma pequena elite que tem acesso ao esporte, ignorado por 99% da população. Seus jogos na Davis nem torcida têm. É uma grande aberração esportiva, nada mais.
Por último: que ninguém inclua a Índia nesse balaio. País com tradição no tênis, levado para lá na colonização inglesa, a Índia já chegou a três vice-campeonatos na Davis, em 66, 74 e 87. No ano passado, eliminou a França. Este ano, pode aprontar outra surpresa em março contra os EUA.

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