São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Obras de Lucio Fontana vêm ao evento

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais um grande nome está confirmado. A 22.a Bienal Internacional de São Paulo informou com exclusividade à Folha que a vinda de obras do artista italiano Lucio Fontana (1899-1968) está certa. Outros artistas de renome confirmados com obras no evento são Robert Rauschenberg, Piet Mondrian, Diego Rivera e Rufino Tamayo. A Folha apurou também que estão quase definidas as vindas de obras do artista espanhol Joan Miró (1893-1983) e do artista russo Kasimir Malevich (1878-1935).
Fontana é um dos mais importantes artistas italianos do século 20, e sua trajetória, uma das mais emblemáticas da arte do período. Fontana começou com trabalhos em que a representação era fundamental, como nas esculturas do começo da década de 30. Aos poucos, foi descobrindo a autonomia da linguagem, sua materialidade, à medida que se desenvolvia como ceramista. Em 1946, era um dos signatários do "Manifiesto Blanco", que defendia uma arte baseada exclusivamente "na unidade de tempo e espaço".
Como consequência desse programa, Fontana criou seus "ambientes espaciais" e seus célebres "conceitos espaciais" na virada da década de 40 para a de 50. Um "conceito espacial" era uma tela branca em que Fontana fazia um corte preciso, como a indicar a necessidade do que o curador da 22.a Bienal, Nelson Aguilar, chama de "o rompimento do suporte".
Segundo o crítico de arte italiano Giulio Carlo Argan, autor de "Arte Moderna" (Companhia das Letras), Fontana viveu o dilema de Mark Rothko: a tela que não quer ser mais tela, que quer se expandir para fazer parte do ambiente, para ser "um objeto vivente". Rothko usou as áreas monocromáticas em telas de grandes dimensões, que quase constituem uma parede, para obter o efeito. Fontana, por sua vez, abandonou o chassi da tela, rasgou sua superfície e passou a agir no ambiente com estruturas que buscam um recorte no espaço real. (DP)

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