São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Rivette conta a vida de Joana D'Arc em filme com mais de cinco horas

FERNANDA SCALZO
DE PARIS

Estréia hoje em Paris o novo filme do diretor Jacques Rivette, "Jeanne la Pucelle", que reconta a vida de Joana D'Arc, de 1429 –quando ela parte para as batalhas– até 1431 –quando morre na fogueira. São dois anos da vida curta –ela morreu aos 19 anos– de uma das principais personagens da história da França, filmados em cinco horas e 36 minutos. Dividido em duas partes de quase três horas, "Les Batailles" e "Les Prisons", "Jeanne la Pucelle" é mais um desafio de Rivette –que em 1990 fez "A Bela Intrigante" com 4 horas– ao espectador.
Sandrine Bonnaire ("Aos Nossos Amores", "Sob o Sol de Satã") encarna esta Joana D'Arc, mais humana e menos etérea que as outras mais de 20 passagens da personagem pelo cinema (com Dreyer, em 1928, Rossellini, em 1954, e Robert Bresson, em 1962, entre outras). Ao optar por chamá-la Jeanne "La Pucelle", que quer dizer "a moça" ou "a virgem", Rivette já desfez um pouco a aura da santa (Joana D'Arc foi canonizada em 1920).
Outra diferença entre o filme de Rivette e as outras versões cinematográficas sobre a santa é que "Jeanne la Pucelle" não se reduz ao processo de julgamento e sua condenação à morte. Rivette acompanha Joana D'Arc, a partir de sua decisão de lutar pela França, em todas suas batalhas e o julgamento passa a ser mais uma delas.
Rigoroso do ponto de vista histórico, o filme de Rivette tira a maioria das falas de Bonnaire do livro "Jeanne D'Arc par Elle Même et ses Témoins" (Joana D'Arc por Ela Mesma e seus Testemunhos), de Régine Pernoud, que se baseia nos documentos do processo nesta reunião dos testemunhos da "Pucelle de Orléans".
Com Godard, Rohmer, Truffaut e Chabrol, Rivette, 66, foi um dos principais diretores da "nouvelle vague" francesa. Seu filme de maior impacto foi a "A Religiosa", baseado na novela do filósofo Denis Diderot e cuja exibição foi proibida na França em 1965.

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