São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Críticos dizem que a escolha é confusa

DA REPORTAGEM LOCAL

Leia a seguir a opinião de críticos e marchands sobre os artistas selecionados:
Alberto Tassinari, crítico: "A seleção me parece representativa. Não conheço os trabalhos de Adriane Guimarães, Cecília Medeiros, Francisco Faria, José Patrício e Yistah Peled. Entre os mais antigos, gostei muito da inclusão de Iberê Camargo, mas sinto a falta de Amílcar de Castro, que por mais uma vez está renovando seu trabalho. Também gostei da inclusão do Tunga, mas tenho a impressão de que seria interessante ver os trabalhos de Waltércio Caldas, Iole de Freitas e Carlos Fajardo, que não expõem há muito tempo na Bienal. Gostei sobretudo da inclusão de artistas mais jovens como Paulo Monteiro e Paulo Pasta. Também sinto a ausência de nomes como Sérgio Sister, Carlito Carvalhosa e Marco Giannotti. Talvez valesse aumentar o número de artistas ou modificar um pouco a lista em função da inclusão desses nomes."

Ronaldo Brito, crítico: "Não quero criticar a curadoria. Há uma série de injunções políticas e internas que não conheço. Em princípio, gostaria de ver menos artistas e uma obra mais vasta de cada um. Acho que essas grandes mostras não funcionam para quem gosta realmente de arte. A amostragem de cada artista é pequena. O corte é horizontal, em vez de ser vertical. É um pouco confuso misturar Iberê Camargo com Márcia Gronstein. Não gosto da diluição das linguagens numa espécie de abecedário de artistas. Mas a arte mudou muito e isso parece hoje inevitável. Kassel é assim. Gostaria de que o mais importante da Bienal fossem os trabalhos de arte"

Rodrigo Naves, crítico: "Acho a lista apenas razoável. Há alguns poucos nomes de primeiro plano, e algumas ausências gritantes, como Amilcar de Castro e Eduardo Sued, cujos trabalhos vêm se transformando admiravelmente, Iole de Freitas (ausência mais lamentável) e Fábio Miguez, entre outros. Alguns bons artistas ficaram de fora, mas já tiveram bastante espaço na Bienal."

Paulo Herkenhof, crítico: "Do humor á ira, de Catunda a Iberê, a escolha foi da vastidão da arte brasileira. Foram recolhidos artistas espalhados na diáspora, com uma certa performance de conhecimento do Brasil, de aqui e agora. Desde o israelense Yistah Peled, a Adriane Guimarães, que sumiu há dez anos entre a Alemanha e a Holanda. Não se privilegia uma tendência. A qualidade, mesmo desigual, mantém a média muito alta. Obviamente, cada um tem a sua lista, com "erros" diferentes."

Luisa Strina, marchande: "Alguns eu não conheço. Dentre os que conheço, acho que pode-se tirar uma linha coerente. Acho que o Dudi Maia Rosa, a Fernanda Gomes, o Nuno Ramos, a Rosângela Rennó e o Tunga, por exemplo, são herdeiros naturais do trio de artistas consagrados como Hélio Oiticia, Lygia Clark e Mira Schendel, que também foram selecionados para salas especiais."

LEIA MAIS
sobre a 22ª Bienal à pág. 5-5

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