São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Empresas de informática criam a venda de cultura eletrônica

ANA LUIZA NASCIMENTO
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Não seria ótimo ligar o computador, escolher seu CD preferido em um catálogo eletrônico e fazer suas gravações em casa? Pois esse futuro eletrônico já está no horizonte de companhias como a IBM e a Blockbuster Entertainment. Por enquanto a idéia é transmitir a música por fibra óptica para as lojas. Os CD serão gravados a medida em que forem vendidos. E a tecnologia básica para isso já está pronta.
A Yamaha Eletronics vai lançar em abril um aparelho que grava e toca CD. Ele pode ser conectado a PC, Mac e computadores maiores. A capacidade de um CD –650 Mbytes de informação– pode ser gravada em 15 minutos. Um CD de música não leva mais do que cinco minutos. O novo laser que posssibilita a gravação é mais sofisticado do que o usado para "ler" um CD. Por isso o preço fica em US$ 5 mil. Mas a Yamaha acha que em três anos esse valor deve cair para US$ 500.
Já a Sony oferece um modelo bem mais em conta usando uma tecnologia diferente. O "MiniDisc" grava a informação magnetizando os cristais na superfície do CD de forma que eles sempre refletem a luz. O laser é usado apenas para ler os sinais ópticos. Por isso mesmo o preço é bem mais simpático: US$ 700.
Isso pode ser música para os seus ouvidos mas não para a maioria dos executivos dessa indústria de US$ 28 bilhões por ano. E eles têm suas razões: perderiam o controle sobre a fabricação e distribuição do CD. Até agora, nenhuma gravadora se interessou em fazer parte do plano da IBM/Blockbuster. Mas as duas companhias não parecem preocupadas. E pretendem implantar a nova tecnologia nas 400 lojas de música da Blockbuster até a metade do ano que vem. Por isso mesmo, a MCA Music está desenvolvendo seu próprio sistema para a gravação do CD direto nas lojas e espera que esse seja o padrão adotado.
As ramificações da "Information Highway" não afetam somente a música. Hollywood também já começou a avaliar o impacto que a televisão "interativa" e seus serviços de vídeo vão ter sobre o lucro dos estúdios. Mas a tecnologia para a prestação desses serviços ainda engatinha. Mesmo assim, alguns agentes já estão delineando contratos para os seus artistas que incluem direitos eletrônicos.
Nem mesmo a literatura, que tantos acham que será obliterada pela eletrônica, escapa desse super tráfego tecnológico. A Xerox aposta num futuro de livrarias sem livros mas cheias de impressoras. A "DocuTech", no mercado há quatro anos, imprime 68 páginas, dos dois lados, em um minuto. Ou seja, o "Aurelião" leva apenas 30 minutos para ser impresso. O preço da impressora é industrial: US$ 260 mil. E as máquinas ainda não são perfeitas. As páginas são grampeadas em vez de serem coladas como nos livros comuns. Mas a Xerox está pesquisando novas maneiras de produzir um livro perfeito sem perder a rapidez.
As implicações para esse mercado de US$ 17 bilhões por ano são imensas. O lançamento de um livro teria um custo mínimo, já que as cópias seriam feitas à medida em que fossem pedidas. O títulos já publicados poderiam ser estocados na memória do computador e estariam sempre disponíveis.
A Primis, uma divisão da McGrawHill, já imprime livros acadêmicos digitalmente. A tecnologia foi desenvolvida em conjunto com a Eastman Kodak e R.R. Donnelley. Os professores podem editar seus textos usando 100 mil páginas de trabalhos já publicados e cerca de 800 universidades já usam este serviço.

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