São Paulo, quarta-feira, 9 de fevereiro de 1994
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Japão anuncia pacote de US$ 141 bi

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do Japão anunciou ontem um ambicioso pacote de estímulo à recuperação econômica que prevê investimentos de 15,25 trilhões de ienes (US$ 141 bilhões). O objetivo do pacote, que é o maior já proposto no país, é acabar com a recessão que já dura dois anos e é a mais profunda desde a Segunda Guerra Mundial.
O plano prevê uma reforma fiscal para estimular o consumo, novas obras públicas e incentivos às pequenas e médias empresas. Ele foi tornado possível por um acordo entre os sete partidos da coalizão governista a partir da retirada, pelo primeiro-ministro Morihiro Hosokawa, da proposta de criar um novo imposto de bem-estar social para compensar cortes no Imposto de Renda que chegariam a 6 trilhões de ienes (US$ 55,1 bilhões).
O anúncio foi feito após o fechamento da Bolsa de Tóquio, mas a expectativa do mercado em relação ao plano fez o índice Nikkei, das 225 principais ações, subir 236,83 pontos (1,18%), para fechar em 20.251,23 pontos (o Nikkei caíra 287,03 pontos anteontem). O dólar fechou a 108,70 ienes, com baixa de 0,20 iene em relação à cotação de segunda-feira.
"Os investidores sabem que o pacote em si não tem muito significado, a não ser que o governo apresente uma terceira proposta de suplementação do Orçamento para financiá-lo", comentou Fujio Andou, analista da Yamaichi Securities. Tendo conseguido um acordo político em torno da reforma tributária, o premiê Hosokawa deverá ter a nova proposta orçamentária pronta até o fim do mês.
O que obrigou o premiê a abandonar a proposta de imposto de bem-estar social foi a rejeição do Partido Socialista, o maior da coalizão governista. Hosokawa recuou para evitar uma crise política que poderia deixá-lo em minoria no Parlamento e fazê-lo renunciar.
"Reconheço que a discussão sobre a reforma fiscal deve ser feita com base num consenso nacional", disse o premiê ontem na TV, pedindo desculpas pelo impasse que havia sido criado e chegando a fazer uma reverência diante das câmeras. Antes do anúncio do pacote econômico, o diário "Nihon Keizai Shimbun" divulgou pesquisa de opinião segundo a qual a popularidade do premiê caiu de 74% há uma semana para 52,5%.
A Agência de Planejamento Econômico prevê que a economia japonesa poderá crescer de 2% a 2,5% este ano, caso o pacote passe no Parlamento. Esse crescimento seria acompanhado de um aumento das importações do país, o que aliviaria as pressões dos EUA para uma redução do superávit comercial do Japão. Hosokawa embarca amanhã para Washington.

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