São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Quercismo decide atacar Britto e Tasso

EMANUEL NERI; FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apontado como alternativa do PMDB para a disputa presidencial, o deputado Antônio Britto (RS) foi alvo ontem de ataques quercistas. José Machado de Campos Filho, amigo pessoal e articulador da candidatura de Orestes Quércia no interior paulista, disse que Britto "arrebentou" com a área da saúde quando foi ministro da Previdência para "fazer média" com os aposentados. A Folha procurou Britto para responder as críticas. Segundo sua secretária Eliete, ele estava em uma praia gaúcha e entraria em contato com a reportagem. Não o fez até as 21h.
Outro alvo de Machado foi o presidente do PSDB, Tasso Jereissati. Respondendo a críticas de Tasso a Quércia, Machado afirmou que o tucano "devia olhar o exemplo de seu pai (Carlos Jereissati), envolvido em um monte de corrupção". Ele citou o livro "Enriquecimento ilícito", de Bilac Pinto, que cita o envolvimento do pai de Tasso em falsificação de guias de importação.
Machado é atualmente o nome mais credenciado no PMDB para falar em nome de Quércia. Ex-secretário da Fazenda do governo quercista (1987-1991), partiu dele a primeira iniciativa para viabilizar o projeto presidencial de seu ex-chefe. Desde o final de janeiro, visita diretórios do PMDB no interior paulista articulando um movimento para tornar a candidatura de Quércia irreversível.
O ex-governador tem evitado criticar seus adversários –seu último ataque foi ao governador do Ceará, Ciro Gomes (PSDB), a quem chamou de "ladrão e filho de ladrão". Além de Tasso, Machado criticou Britto e o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que tenta articular uma aliança com o PSDB e quer excluir Quércia do processo sucessório.
"Com esse manto de defesa da ética, o Simon está defendendo mesmo é o espaço dele para se candidatar ao governo gaúcho", disse Machado. "Quer que o Brito saia candidato a presidente para o deixar livre para se candidatar a governador". Segundo o quercista, Britto não fez uma "administração adequada" na Previdência.
"Para agradar os aposentados, Britto arrebentou com a área da saúde. Isso trouxe problemas sérios para as prefeituras", declarou.
A crítica a Tasso teve como origem uma nota do presidente do PSDB em defesa de Ciro Gomes aos ataques de Quércia. O peemedebista havia chamado Ciro de "porca prenha" e disse que ele usava "brincos fora do expediente". Na nota, Tasso afirmou que seu colega foi "alvo de agressões partidas de pessoas sem nenhuma qualificação moral, como é o caso do ex-governador Orestes Quércia, do PMDB, conhecido nacionalmente por suas ligações com histórias de corrupção".
Colaborou FERNANDA DA ESCÓSSIA, da Agência Folha

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