São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Lula e radicais estudam acordo para tirar 'moratória' do programa

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um acordo de leitura dúbia entre Luiz Inácio Lula da Silva e o setor ortodoxo do PT pode resolver provisoriamente o impasse sobre a adoção ou não da moratória no programa de governo que Lula defenderá na campanha eleitoral. Se as conversas avançarem, o "muro" será construído com a exclusão da palavra moratória do texto, que terá, porém, uma redação que deixará a questão propositalmente aberta.
A proposta foi feita pelos radicais a Lula depois que o virtual candidato manifestou-se contra que a moratória seja incluída no documento. Lula não deu o aval à idéia, mas também não a rechaçou. A solução ambígua não seria novidade: todos os últimos documentos oficiais do partido sobre questões polêmicas contêm resoluções que permitem dupla interpretação. É única maneira de manter a unidade do partido, fragmentado pela luta interna de suas correntes.
Na área militar, Lula quer mudar o nome do Projeto Calha Norte, por julgá-lo estigmatizado em setores que tendem a apoiá-lo na disputa presidencial. O virtual candidato petista ainda não foi convencido sobre a necessidade de, no governo, incentivar a construção do submarino nuclear brasileiro, como defende a equipe que elaborou a versão preliminar do programa.
Uma reunião da coordenação da campanha de Lula, na noite de quarta-feira, oficializou a criação de um conselho, que será formado também por não-filiados ao PT, para atuar junto com as instâncias partidárias durante a corrida presidencial. A sugestão foi de Lula, que pretende com o conselho "oxigenar" as decisões.
Lula quer diminuir a força dos radicais na elaboração do programa também com debates públicos sobre o documento. Cartilhas em linguagem acessível serão distribuídas depois que a versão provisória for concluída, o que ocorrerá provavelmente na reunião da Executiva petista na próxima quinta-feira.

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