São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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PF apura denúncia de fraude na indicação de juiz do TRT

CLÁUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal abriu ontem inquérito para apurar denúncia de fraude na nomeação de um juiz do Tribunal Regional do Trabalho, de São Paulo (TRT). A pedido do Itamaraty, o procurador da República Hamilton Alves já investiga o juiz classista Egéferson Craveiro, 29, do Tribunal Regional do Trabalho, em São Paulo. Ele é acusado de ter sido eleito num pleito forjado. "Em tese, o caso configura crime", afirmou Hamilton Alves.
Ofício remetido ao ministro da Justiça, Maurício Corrêa, à Polícia Federal e à Procuradoria Geral da República pede que o presidente Itamar Franco anule a nomeação do juiz, publicada no "Diário Oficial da União", em sua edição de 1.º de dezembro passado.
As investigações foram solicitadas pelo ex-deputado estadual Waldemar Raffa, hoje presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Paulista. "O presidente foi enganado, foi vítima de uma falsificação", afirma Raffa. "É um crime de falsidade ideológica cometido contra a Presidência", sustenta. Ele anexou ao ofício, de cinco páginas, outras 16 páginas de documentos, indicando que o juiz Craveiro ganhou seu cargo "numa ata montada, um documento nulo, viciado, que deturpa a lei". O juiz Egéferson Craveiro foi eleito para o triênio 1993-1996, com um salário de CR$ 2 milhões. Ele é filiado à Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) e é filho de Rubens dos Santos Craveiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana.
Os juízes classistas compõem um terço do conselho do TRT, que julga causas trabalhistas, no caso as que envolvem os 30 mil funcionários de ferrovias do Estado de São Paulo. São eleitos a partir de listas com três nomes, sugeridas pelos trabalhadores da categoria. Diz Waldemar Raffa que o encontro para a nomeação dos candidatos ao cargo de juiz foi marcado para o dia 15 de outubro passado, na rua Barra Funda, na zona sul de São Paulo. O ex-deputado relatou ao ministro da Justiça, com documentos, que esteve lá e a reunião não existiu. "A votação foi inventada", disse Raffa. Assu Guimarães, assessor de Maurício Corrêa, afirma que a Consultoria Jurídica da pasta também acompanha o assunto, que ela considera como "fatos graves."

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