São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 1994
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Campanha da Fraternidade

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Na próxima quarta-feira, começa o tempo da Quaresma em preparação à Páscoa, festa da Ressureição de Jesus Cristo, vencedor do pecado e da morte. Além da conversão pessoal, há, também, o empenho das comunidades em corrigir falhas e intensificar o seguimento de Cristo.
No Ano Internacional da Família, a Campanha da Quaresma-1994 tem por tema "A Fraternidade e a Família".
"A família, como vai?" Eis a pergunta que nos faz a todos refletir.
Família, dom de Deus, desafio e compromisso. É dom de Deus. Na família, santuário da vida, nascemos e crescemos. É na família que temos a experiência, desde a concepção, de sermos amados pelos pais, irmãos e parentes. É na família que a criança adquire a consciência da própria dignidade e aprende o amor, o respeito, a dedicação aos outros. Na família, recebemos os primeiros ensinamentos sobre as grandes verdades: a presença e ação amorosa de Deus, o sentido da vida, os valores morais e religiosos. É a família que nos introduz no exercício da cidadania, dos deveres e direitos e na obrigação de contribuirmos para uma sociedade digna e solidária.
Mas a família –todos sabemos– tem desafios a enfrentar. Injustiças sociais, êxodo rural e desemprego, violência, permissividade moral e agressão dos meios de comunicação. Os cônjuges se separam, as crianças perdem-se pelas ruas de nossas cidades. Tanto sofrimento exige de nós um compromisso. A família, como vai?
Cada um de nós deve ser convocado, nesta Campanha da Fraternidade, a promover em seu próprio lar a compreensão, o respeito, o perdão, a fidelidade do casal, a dedicação entre pais e filhos, o carinho pelos idosos e enfermos.
Para as comunidades cristãs é o momento de incentivarmos a oração, a formação dos noivos e a Pastoral da Família, em suas várias formas de serviço.
Para todos, é hora de assumir o compromisso de procurar condições dignas de vida para as famílias de nosso país: trabalho e salário, moradia, saúde e educação, televisão sadia, união.
Pensemos, também, nos que não têm a alegria do convívio com os parentes, já falecidos. Lembremo-nos dos que estão longe de seus familiares por razão de trabalho. Migrantes. Exilados. Lares ameaçados e desfeitos pelo egoísmo, pela infidelidade e miséria moral. Há muitos que vivem isolados e sem afeto.
Nesta Campanha da Fraternidade, a Igreja convoca a todos para que alarguemos os laços de estima e amizade, reconhecendo diante de cada pessoa, que somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai que está no céu.
A palavra do santo padre ao Brasil, exortando os valores cristãos na família, será transmitida na Quarta-Feira de Cinzas. Na mesma noite, abre-se a Campanha da Fraternidade na Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Que a padroeira do Brasil proteja nossos lares e, com seu amor materno, nos ensine o espírito de família que torna possível a sociedade fraterna, sem discriminação e distância, que devemos sempre mais promover.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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