São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994
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Campanha contra fome se espalha pelo exterior

Brasileiros organizam doações na Suíça e nos EUA

CLAUDINÊ GONÇALVES; CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON E ESPECIAL PARA A FOLHA, DE GENEBRA

A Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, idealizada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, já expandiu sua ação para além das fronteiras do Brasil. Na Suíça, há um comitê em Zurique e subcomitês nas cidades de Aaray, Winthertur e Lucerna. Nos EUA, dois estudantes brasileiros divulgam a campanha através de uma rede de computadores.
No comitê de Zurique, criado em outubro do ano passado, mais de 500 quilos de roupas, remédios e calçados já foram enviados ao Brasil. "No início éramos poucos, mas hoje 54 pessoas participam ativamente", afirma Murilo Escobar, fundador do comitê e representante do Banco do Brasil.
A Varig, o Consulado brasileiro e duas agências de viagens foram as primeiras a aderir, seguidas por funcionários da indústria química de Basiléia. Artistas brasileiros, cidadãos suíços ligados ao Brasil e imigrantes portugueses também colaboram. Durante uma missa de domingo, um padre português arrecadou US$ 750 para a campanha. Um show de música brasileira, com o grupo do saxafonista Rodrigo Botter Maio, deu US$ 3.500 de bilheteria. A viúva do empresário suíço Max Frei, recentemente falecido, pediu a seus amigos que não lhe enviassem flores mas depositassem o valor correspondente na conta do comitê.
O comitê de Zurique adotou quatro instituições no Brasil, para as quais são enviadas as contribuições, em Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Brasília e Santos (SP).
Rede
Em Washington (EUA), dois estudantes de pós-graduação coordenam um movimento para ajudar a campanha contra a fome no Brasil. Eles são Danilo Fonseca e Fernando Menandro e usam uma rede de comunicação por computador, a Internet, para fazer sua mensagem chegar ao público que se interessa por Brasil nos EUA e em outros países.
Fonseca, 32, jornalista e doutorando em Sociologia pela American University, disse à Folha que seu trabalho está apenas começando, mas já tem resultados animadores. Segundo ele, muitas pessoas já estão coletando roupas para serem enviadas ao Brasil. Ele e Menandro estão em contato com a FAB (Força Aérea Brasileira) e com as empresas brasileiras de aviação civil que servem os EUA para tentar fazer com que a encomenda chegue a seu destino.
Uma conta está sendo aberta no Banco do Brasil para que doações em dinheiro possam ser feitas. Fonseca afirma que pelo menos os 3.000 bolsistas brasileiros que atualmente estudam em nível de pós-graduação nos EUA vão se interessar em colaborar com a campanha. Ele acredita, no entanto, que outras pessoas também devem responder ao apelo.
Já foi feito contato com Betinho, coordenador da campanha no Brasil. Segundo Fonseca, o sociólogo incentivou os estudantes a prosseguirem. Um comitê está sendo formado para ampliar a abrangência do movimento. Menandro é doutorando em engenharia na George Washington University. (Claudinê Gonçalves e Carlos Eduardo Lins da Silva)

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