São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Anão tarado leva câmera da Manchete

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DO MAIS!

Esquindô, esquindô, dedinho para cima, copinho na mão e abundância glútea em big-close. Baile Vermelho e Preto no Scala. A câmera da Manchete parece conduzida por um anão taradão: o ponto de vista é sempre de baixo para cima e o alvo predileto são traseiros panorâmicos, pernas e pelvis em contorções e espasmos.
Aquela animação, minha gente! E muita informação para você telespectador: "O Carnaval no meu país também é animado, tem até um Sambódromo", conta ao repórter a famosa modelo paraguaia. "Mas a essa hora da noite o amigo que está em casa tomando leite quer ver é isso (aponta para o corpo da moça, dirigindo-se ao câmera man): Vamos lá! Da pontinha do pé até em cima!" E lá vai o anão, explorando o monumento, viajando em cada póro da foliã, que põe em prática seus requebros de encomenda.
Zap para o CNT e lá está Helê Pinheiro, a vovó de Ipanema, no mesmo Vermelho e Preto. Elogia a "energia" do técnico do Flamengo, Júnior, e chama o Sambódromo -onde desfilam as escolas cariocas do Grupo 1. Maria Augusta aparece em close. Outro dia foi a Rogéria. O Carnaval ressuscita uma fauna especialíssima.
Voltamos para o Scala, na Manchete. Repórter suando em bicas se aproxima de mais uma daquelas "modelos" requebrantes: "Dá uma sambadinha aí para a gente ver como você bate um bolão.... Que beleza!" E emenda: "Qual o segredo para você sair arrebentando no salão? Conta para a galera".
Baile de Carnaval na TV não tem segredo. É sempre igual. Pode repetir o do ano retrasado que não muda nada. E na falta do que mostrar, repete-se mesmo. A "Band", por exemplo, mandou ver uma reprise da tal noite das felinas, no Olympia. Moças de biquíni e rabo (rabo mesmo, imitando gato) andando de quatro numa passarela ao som de dance music. Coisa de São Paulo.
Mas a emissora, reconheça-se, salvou a madrugada dos foliões de sofá com alguns bons momentos de Carnaval baiano. Especialmente a chegada do Olodum à praça Castro Alves. O bloco homenageava o tropicalismo e a presença iluminada de Caetano Veloso em cima de um caminhão foi a imagem da felicidade e do encantamento.
Hoje é a vez da Mangueira saudar os baianos na avenida. Pode não vencer, mas já ganhou. E atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu.

Texto Anterior: Encontro de maracatu reúne 63 grupos em Olinda
Próximo Texto: Saiba caçar famosos que desfilam hoje
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.