São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994
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Estrelas dão vez a novas esperanças nos ringues

WILSON BALDINI JR.
DA REPORTAGEM LOCAL

No boxe, a exemplo do que acontece no basquete –que procura um sucessor para Michael Jordan– e no tênis –que ainda não viu surgir um jogador tão carismático quanto John McEnroe–, a carência de ídolos está aumentando. Em menos de um ano, três dos maiores campeões perderam seus cinturões: Julio César Chavez, Julian Jackson e Terry Norris. Mas os maiores prejudicados foram os "amantes da nobre arte".
Os aficionados em boxe, que já estavam órfãos com a prisão de Mike Tyson, agora ficam totalmente desamparados com a surpreendente derrota do mexicano Chavez. Qual o campeão que levará público aos cassinos nas noitadas? Os jovens lutadores possuem carisma para incentivar as pessoas a pagarem US$ 500 por uma cadeira especial? "Toda vez que um grande campeão cai, o esporte passa por um período de reciclagem", disse o experiente treinador Lou Duva, que dedicou mais de quatro décadas ao boxe. "Lutadores como Tyson ou Chavez demoram a aparecer", concluiu o ex-treinador de Evander Holyfield, campeão mundial dos pesados.
Aliás, a principal categoria do boxe é a que passa pela maior crise. Sem Tyson e com os inexpressivos Riddick Bowe, que perdeu o título em novembro para Holyfield, e Lennox Lewis, a categoria passou todo o ano de 93 sendo "alimentada" por Chavez. Em todas as preliminares dos pesados, o mexicano tinha suas lutas programadas para garantir bilheteria. "Não podemos fazer milagres", disse o empresário Bob Arum.
Mas a crise não afeta apenas o carro-chefe da "nobre arte". Várias categorias encontram-se em total estagnação. A dos meio-pesados foi considerada pela revista norte-americana "Ring" como a menos ativa de 93. Já entre os cruzadores, a imobilidade é tanta que os atuais campeões brigam por uma luta contra o veterano Thomas Hearns. Última estratégia para se conseguir alguma repercussão.
"O período de reciclagem está no fim", garante Duva, que prepara o peso-pesado David Thua para se tornar o novo "fenômeno do boxe". Para os especialistas, outro jovem lutador que desponta nesta categoria é Jeremy Williams, com um cartel respeitável: 21 lutas vitoriosas, com 17 nocautes.
Entre os meio-médios, o porto-riquenho Felix Trinidad, 21, aparece como o maior obstáculo ao norte-americano Pernell Whitaker para continuar a ser considerado o maior lutador da atualidade. Trinidad defendeu seu título da FIB pela última vez em janeiro, frente ao seu compatriota Hector "Macho" Camacho.
O peso-mosca tailandês Phichit Sithbangprachan, o meio-médio-ligeiro russo Kostya Tzyu e o norte-americano superpena Oscar De La Hoya surgem também como os futuros ídolos. "La Hoya possui carisma, boxe e caráter para ser um novo Sugar Ray Leonard", afirmou Duva. La Hoya foi a única medalha de ouro norte-americana na Olimpíada de Barcelona. "O ano de 94 marcará o surgimento de grandes ídolos", garante Duva. Resta aos aficionados torcer.

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