São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 1994
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Daniela Mercury faz sucesso com hit de 93

ANDRÉA DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Tendo como atração a rainha do axé-music, Daniela Mercury, o bloco Os Internacionais deu início ontem no Campo Grande às 13h ao desfile dos grandes trios e blocos da Bahia. Acompanhada de suas duas vocalistas, bailarinas e banda, Daniela Mercury lembrou o centenário de Mãe Menininha do Gantois, saudou Oxum, o orixá do ano, pediu licença e mandou ver: do alto do trio-elétrico –que este ano ganhou novo layout, com o rosto da cantora estampado em pinturas assinadas pelo artista Ailton Lima– entoou sua nova música "Intererê", uma homenagem ao Internacionais, o primeiro bloco organizado do Carnaval da Bahia.
Mas foi com "Canto da Cidade", hit absoluto no Carnaval de 93, que Daniela fez sacudir mesmo os 2.700 integrantes do bloco e os foliões do Campo Grande. "Esta música é mais conhecida pelos turistas, mas as novas também fazem muito sucesso entre os baianos", explicou Jorge Pires, diretor de Os Internacionais. Apesar de não revelar quanto pagou pela contratação da cantora para três dias de desfile, estima-se que ela recebeu US$ 200 mil.
O desfile deste ano contou com a participação da banda Vulcão da Liberdade. As longas mortalhas deram lugar a pequenas batas e shorts, para aliviar o calor. "Todo mundo acabava cortando tudo. Assim fica mais refrescante e organizado", explicou Pires.
Olodum Mirim
Não é à toa que o baiano entende de batuque, requebros e suingue. O aprendizado começa cedo, como mostrou ontem pela manhã no Pelourinho, Salvador, o Bloco Olodum Mirim. Com idades entre 7 e 16 anos, 190 meninos e meninas sacudiram o Pelourinho com uma percussão digna de bateristas profissionais. "Eles ensaiam todos os dias, e levam tudo muito a sério", explicou o músico Neguinho do Samba, criador e diretor do bloco, que existe desde 1983. Foi aliás deste grupo que saiu o pequeno Buiú, que hoje integra como profissional a banda de Daniela Mercury. "Ele foi fazer carreira de artista", lembra Neguinho.
Contando apenas com a ajuda da empresa paulista de peles para instrumentos musicais Golfe –que enviou 30 tambores novos este ano–, o grupo sonha com patrocínio. Enquanto as crianças sonham em fazer parte do verdadeiro Olodum como o pequeno André de Jesus, 7 anos.
Um dos mais compenetrados do grupo, ele chamava a atenção dos turistas com seu cabelo em estilo afro, recheado de contas nas cores verde, vermelha, amarelo e preto. Há quanto tempo ele maneja o tambor? "Desde sempre", arriscou, para emendar logo em seguida: "Desde sempre não. Desde que eu nasci."

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