São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 1994 |
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Uso de camisinha cresce entre estudantes
MARIA LUÍSA CAVALCANTI
Essa mudança de comportamento tem algumas razões, segundo Ione Mendes, 31, gerente de pesquisa aplicada da FDE. "Os meios de comunicação estão jogando mais pesado com o assunto Aids. A escola também está falando mais e o jovem hoje está mais consciente do perigo", explica. Um exemplo disso é o estudante Sérgio Gambier Campos, 19, que conta que resolveu adotar a camisinha de vez há pouco mais de um ano. "Quando eu era mais novo eu não usava. Mas uma vez eu transei com uma menina que eu não conhecia e fiquei meio encanado. Passei a levar camisinha comigo sempre", diz. Outro ponto de destaque na pesquisa da FDE é a relação dos motivos que os teens apresentam para simplesmente não usar a camisinha. Apostar no parceiro é a desculpa mais comum. De 92 para 93, cresceu de 24% para 42% o número de adolescentes que confiam no namorado (ou namorada) e que por isso preferem não adotar o preservativo. "Depois que você já conhece a menina, é bom os dois fazerem o teste para saber se têm o vírus da Aids. Se não tiver nenhum problema, a menina pode ficar só tomando pílula", diz o estudante Roger Gobeth, 20, que agiu dessa forma com a sua namorada. Aumentou de 11% em 92 para 26% em 93 o número de adolescentes que não gostam de usar a camisinha ou que acham que ela atrapalha a transa. Os que esquecem o preservativo também são em maior número: 22% agora, contra 8% em 92. "Esse número é grande porque as situações de imprevistos acontecem muito com os jovens", explica Ione Mendes, da FDE. Para evitar esse problema é que a estudante Manuela Dias Coelho, 18, anda sempre prevenida. "Sempre saio com camisinha na bolsa e faço questão de comprar as das melhores marcas porque não dá para ficar esperando o namorado comprar. E eu não abro mão da camisinha de jeito nenhum", conta. Praticamente metade (49%) dos adolescentes entrevistados que transam afirmou ter mudado seus hábitos sexuais por causa da Aids. O número é pouco diferente do obtido em 92 (47%). (Maria Luísa Cavalcanti) LEIA MAIS Sobre sexualidade e Aids à pág. 6-3. Próximo Texto: Aids sofre menos preconceito Índice |
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