São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 1994
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Liz Phair invade a "terra de Marlboro" da música moderna

SERGIO SÁ LEITÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Liz Phair invade a "terra deMarlboro" da música moderna
Liz Phair, "Exile in Guyville". Eis a cantora e o álbum que encabeçam a lista de melhores do ano da revista norte-americana "Spin". Nada mal para uma estréia –e com agravantes: selo independente (Matador), rock básico e melódico, texto forte.
Bonita, Phair mostra em seu manifesto que não tem nada de "lôraburra". "Exílio na Cidade dos Garotos" traz composições inteligentes em forma e conteúdo, boa parte em resposta às músicas assinadas por Jagger e Richards no "Exile on Main Street" dos Stones.
Seu tema básico é a afirmação da personalidade feminina. As letras falam de relacionamentos afetivos e de pessoas que se posicionam sem concessões nos jogos da paixão. Phair pega pesado, exatamente como fazem os rappers e rockers masculinos quando falam de amor e sexo.
Em "Flower", por exemplo, ela ameaça, grave: "Vou comer você até o seu pau ficar azul". "Dance of the Seven Veils" traz outro verso próprio de quem não tem medo de dizer o que pensa. "Eu gozo muito na primavera", avisa. Até os títulos são explícitos –"Fuck and Run".
Phair não faz música para machinhos inseguros, nem se dirige às patricinhas. Toca rock de "homem" e fala como "homem", mostrando que nem só de Carpenters, Abba e babas quetais vivem o pop e o rock de mulheres. Não por acaso, seu disco faz sucesso em meio a uma enxurrada de grupos de minas radicais.
Suas coadjuvantes são Kim Deal, dos Breeders, Tanya Donelly, do Belly, Aimee Mann, ex-"Till Tuesday", e Juliana Hatfield. Mulheres que tocam um rock honesto, com olhar próprio. A "Terra de Marlboro" foi definitivamente invadida por minas de verdade, graças a Deus. Chega de Guns'N Roses...

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