São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
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Educação é mudança de maior 'impacto'

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

A educação é classificada no documento da Igreja como a prioridade "de maior impacto" para mudar o país e que "verdadeiramente garantiria a distribuição de renda e justiça social". O tema é visto como a condição básica para o desenvolvimento e exercício da cidadania. A principal proposta nessa área é a implantação da escola integral.
O documento considera, na parte que trata da reforma agrária, que no país há um direito ilimitado de possuir que criou "um monopólio capitalista da terra agrícola". Nascido aparentemente da livre iniciativa, o direito de possuir, segundo o texto, é traduzido hoje pela prática de "usar e abusar toda a extensão de terra que comprar". A Igreja acredita que a reforma agrária é "uma exigência urgente" para democratizar a sociedade brasileira.
No que se refere aos meios de comunicação, o documento vê aspectos "contraditórios", avaliando a sua "quase imprescindibilidade" e a necessidade de democratizá-los. Segundo o texto, há concentração "escandalosa" nesse setor: "Menos de nove famílias controlam cerca de 90% de tudo o que os brasileiros lêem, ouvem e vêem através desses meios".
A Igreja critica o processo de formação do Mercosul (mercado comum formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), afirmando que se levou em conta apenas os interesses econômicos na sua criação e que foram excluídos os "aspectos humanos e sociais". Para a Igreja, o "eixo-industrial Rio-São Paulo" e o "complexo agro-industrial argentino" são os únicos beneficiários, pelo poder de competição de que dispõem. A Igreja sugere um plebiscito.
O texto afirma que o "aparato militar é tomado por uma posição de arbítrio e prepotência". E propõe um "controle da sociedade" sobre as corporações militares e policiais. A Igreja vê hoje uma "proximidade entre as polícias e grupos ilícitos", como os esquadrões da morte, o narcotráfico e a contravenção. (KA)

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