São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
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Fleury condena os dossiês de Quércia

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; ANDREW GREENLEES
DA REPOTAGEM LOCAL

Fleury condena os dossiês de Quércia
ANDREW GREEENLEES
O governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho, condenou ontem a elaboração de dossiês pelo ex-governador Orestes Quércia para atacar seus adversários na corrida presidencial. "Acho que isso não ajuda em nada", disse. "Nós devíamos nos preocupar com nossos adversários". Segundo Fleury, a atitude de Quércia não é "adequada" para quem quer concorrer ao cargo de presidente da República.
O último alvo de Quércia foi o deputado Antônio Britto (PMDB-RS), apontado como alternativa do PMDB ao nome de Quércia para concorrer a presidente. No dossiê quercista sobre o deputado gaúcho, há informações de que, aos 12 anos, ele foi expulso do Colégio Militar de Porto Alegre por suposto envolvimento em furto. O governador do Ceará, Ciro Gomes, e o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, também tinham sido vítimas de ataques quercistas.
Segundo Fleury, o ataque de Quércia a Britto "enfraquece o partido". "Espero que isso não prossiga', declarou. As relações entre Quécia e Fleury não são boas. O governador não atendeu ao apelo de seu antecessor para apoiá-lo –preferiu falar de candidatura de consenso no PMDB. Fleury conta com o fracasso do projeto quercista para tentar se viabilizar como candidato a presidente.
Brito disse ontem que não acredita na viabilidade da candidatura quercista a presidente pelo PMDB. "Para o Dr. Quércia se viabilizar precisa superar duas barreiras. A primeira é conseguir a unidade do partido. A segunda é provar ao PMDB que pode andar pelo país como candidato sem ter que parar a cada esquina, para dar explicações sobre as pesadas acusações contra ele".
Britto tem dito a amigos que o problema de Quércia para se viabilizar como candidato é mais pragmático do que ético. "Quem é candidato a deputado no Acre ou na Paraíba não quer saber se o problema é ético. Quer saber com quem ele pode subir junto em um palanque", afirmou. Para o deputado, vai se repetir em 1994 o que ocorreu na eleição municipal de 1992.
"Os companheiros do PMDB têm lembrado que na última campanha para prefeito nenhum deles teve condições de convidar Quércia para subir em seu palanque. E hoje, eles vão poder subir no palanque com o Quércia?" declarou Britto. Para outros peemedebistas, a soma entre o chamado lado ético do PMDB e os pragmáticos é suficiente para derrotar Quércia na convenção do PMDB.

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