São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Meta é ambiciosa, diz Serra

DA REPORTAGEM LOCAL

O deputado José Serra defende "uma revisão da marcha" de criação do Mercosul. Para ele, o momento exige "um estudo sereno, uma discussão e um debate que vá além dos meros folhetos de propaganda".
Segundo Serra, a meta do Tratado de Assunção de se constituir um Mercado Comum, que deverá estar estabelecido em 31 de dezembro de 94, como diz o texto oficial, é "ambiciosa".
Serra critica o estabelecimento de uma tarifa externa comum em prazo tão curto. Para ele, é preciso dar mais tempo para a coordenação de políticas macroeconômicas setoriais, de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial, de capitais, de serviços, alfandegárias, de transporte e comunicações.
Serra diz que o Nafta, que "é muito mais modesto" nos seus objetivos, foi implantado em "um período pelo menos duas vezes e meia maior". Para Serra, há "uma desproporção de projetos", porque o Uruguai e o Paraguai, "com todo respeito que tenho por esses países" são realmente "free shops" em matéria econômica.
O deputado paulista diz que a Argentina tem o seu programa econômico, que não é o mesmo projeto de industrialização do Brasil, e que "passa pelo Nafta", porque a Argentina precisa, como o México de imigração massiva de capitais para cobrir o seu déficit estrutural.
Serra critica também o que chama de "uma amarração", que significa "uma perda de autonomia que não tem nada a ver com a abertura". Para ele, a abertura precisa ser instrumento de política e de desenvolvimento de um país. "Imaginem a China fazer um mercado comum, baseado numa tarifa externa comum, com o Vietnã. A proporção é mais ou menos a mesma entre o Brasil e o Paraguai". Serra qualifica de "completamente absurda" a idéia da introdução do Paraguai e do Uruguai no Mercosul, porque são países que "têm um mercado 50 vezes menor do que o brasileiro". Serra esclarece que não considera o Mercosul "irrelevante", mas insiste que é preciso "uma revisão da marcha das coisas".

Texto Anterior: Mercosul é compromisso irreversível
Próximo Texto: Conflitos preocupam Rangel
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.