São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Furlan quer manter prazos

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Luiz Fernando Furlan diz que sua visão do Mercosul é a do "dia-a-dia", de quem está trabalhando nesses mercados. Ele afirma que o Mercosul, inicialmente, foi encarado pelo empresariado como mais uma iniciativa que os governos fazem quando um presidente assina um tratado, que, depois, "o Itamaraty guarda numa pastinha bonita e nunca mais se ouve falar".
Ele diz, porém, que "de repente o empresariado percebeu que o Mercosul era pra valer". Para ele, o empresariado percebeu que era para valer por causa da fixação clara dos prazos, das datas e do cronograma de redução de alíquotas. "Isso obriga todos a se mexerem, nós, os empresários, o governo e os outros.", afirma.
Furlan se diz "preocupado" com as sugestões dos empresários argentinos para a prorrogação do prazo de entrada em vigor da primeira etapa da integração, que é a criação da área de livre comércio em 1995. "Acredito que se deva prorrogar apenas aquilo que não foi possível fazer e não o todo, porque o Mercosul já avançou muito nos últimos dois anos", diz.
Furlan destaca o impacto do Mercosul no comércio na região. "De 1990 a 1993, o comércio entre o Brasil e os países do Mercosul passou de 5% do comércio exterior total do país para 13%.", afirma.
Mas reconhece que ainda existem muitas divergências tais como a insistência da Argentina para a prorrogação do prazo para a implantação da tarifa comum.
Apesar disso, diz, caminhou-se muito. "O Brasil e os países do Cone Sul ficavam de costas, porque nosso esforço de comércio, de integração sempre foi para o Norte, mas a cultura está mudando e a visão agora passa a ser de parceria", diz.
Furlan defende a manutenção dos cronogramas da implantação do Mercosul. Ele qualifica de "um absurdo" o adiamento da tarifa comum para o ano 2006 -hipótese discutida na última reunião dos presidentes dos países do Mercosul. "Nós devemos fazer força para cumprir a regra e cuidar de fazer alguns ajustes nas exceções, mas não fazer o ajuste na regra como muitos preconizam", afirma.

Texto Anterior: Falta democracia, diz Rosseto
Próximo Texto: Batista cobra mais discussão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.