São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
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Lavadora popular domina mercado

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O eletrodoméstico popular conquista espaço no dia-a-dia do consumidor brasileiro. As vendas de lavadoras de roupa semi-automáticas e de tanquinhos, por exemplo, surpreenderam os fabricantes. Cresceram 50% nos últimos três anos. Enquanto isso, os modelos automáticos, mais sofisticados, perderam vez: o consumo caiu 20%, no período.
A venda das lavadoras populares já é três vezes maior do que das automáticas. No ano passado, foram vendidas 1,422 milhão de lavadoras semi-automáticas e tanquinhos no país. Das automáticas, foram comercializadas 422 mil unidades, no período. Os números são da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
A explicação dos fabricantes desses eletrodomésticos é simples: com US$ 100 –cerca de 25% do preço de uma máquina automática– a dona-de-casa compra um produto que bate a roupa –em alguns casos até enxagua– e ainda fica despreocupada com a assistência técnica do produto porque ele tem um mecanismo tão simples, dizem eles, que raramente dá defeito.
"As lavadoras semi-automáticas e os tanquinhos são produtos bem adaptados ao consumidor brasileiro de hoje. Isso explica o sucesso de vendas", afirma Valfrido Barbosa de Oliveira, gerente comercial da Suggar, de Belo Horizonte (MG), que lançou o seu tanquinho há cinco anos.
Filão
A Suggar, conta ele, vem aumentando entre 10% e 15% ao ano a produção dos tanquinhos desde 1990. Hoje, faz 30 mil unidades por mês. "Se não fosse a entrada de novos concorrentes, estaríamos vendendo muito mais." Por esse mercado brigam também a Lavy, a Colomarq, a Muller e a Fioreta. "Existem outras empresas de olho nesse filão."
"O caminho é esse: fazer produto barato", diz Luiz Alberto Ribeiro, gerente da Lavy, que começou a produzir tanquinhos em 79. Do início da década até agora, a empresa vem aumentando 10% ao ano a produção. Em 93, fabricou 240 mil unidades. Neste ano, a expectativa é produzir 280 mil.
A Fioreta, que se diz a pioneira no lançamento dos tanquinhos no Brasil, em 1964, é uma das que está sentindo os efeitos do surgimento de empresas interessadas em brigar pela venda das lavadoras populares. Em 1990, ela chegou a vender 15 mil tanquinhos por mês. Este ano, não deve passar de 10 mil unidades mensais. "É a concorrência", afirma Gilberto Antônio Torrezan, diretor da F. Torrezan, que comercializa a Fioreta.
Até o grupo Brasmotor –que controla a Brastemp, a Consul, a Semer e a Embraco– decidiu participar da linha dos populares. A Semer lançou no ano passado a lavadora de roupa semi-automática Bella. "O desempenho de vendas superou nossas expectativas", afirma Ronaldo Celso dos Santos, gerente de marketing da Semer.
Segundo ele, de setembro até agora, a Semer comercializou 40 mil máquinas Bella. A previsão para este ano é a de vender 200 mil unidades e a partir de 1995 crescer 20% ao ano. "Em cinco anos vamos estar vendendo mais do que a lavadora Brastemp."
Ele conta que o grupo Brasmotor estuda o mercado de lavadoras de roupas populares desde 1989 e se surpreendeu com os números de vendas do produto. "Detectamos que a percepção da consumidora é a de que a lavadora de roupa é o eletrodoméstico que mais a ajuda nas tarefas de casa. Foi a partir dessa constatação que o grupo achou que tinha que ter um produto popular."
A Brastemp, líder na venda das versões automáticas, com 71%, informa que não fará nada de especial para enfrentar o novo concorrente. "Vamos continuar investindo para melhorar a qualidade da linha Mondial, que tem três modelos", diz Fernando Trecco, diretor de tecnologia. Segundo ele, a empresa vai investir entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões para aprimorar as suas lavadoras.

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