São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 1994
Próximo Texto | Índice

Ultimato divide ONU e Otan

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O porta-voz das Forças de Proteção da ONU na Bósnia, Bill Aikman, disse ontem que os sérvios bósnios não precisam entregar à ONU todo o seu armamento pesado ao redor de Sarajevo, porque há "outras maneiras" de controlar o poderio militar sérvio –através de radares. A informação contraria os termos do ultimato da Otan aos sérvios da Bósnia, segundo os quais o cerco a Sarajevo deve ser aliviado até a zero hora do próximo dia 20. "O ultimato de dez dias é um ultimato da Otan, não nosso", disse Aikman.
Pouco depois das declarações de Aikman, a porta-voz da Casa Branca, Dee Dee Myers, disse que o ultimato da Otan continua em vigor, que a quantidade de armas entregues até agora pelos sérvios não é satisfatória e que "os armamentos que não estiverem sob o controle da ONU após o fim do prazo serão alvos para as bombas".
Outra divergência está em quem dará o "sinal verde" para o início dos bombardeios. O comandante das tropas da ONU na Bósnia, general Michael Rose, disse que a ordem deve partir dele e de mais ninguém. "Todo o poderio da Otan está atrás de mim", disse Rose a um jornal londrino. Ele afirmou também que dará a ordem quando quiser.
O vice-ministro da Defesa da Rússia, Vitali Churkin, disse ontem que qualquer intervenção da Otan contra os sérvios na Bósnia pode "fazer a guerra se espalhar para além das fronteiras da ex-Iugoslávia". Com este argumento, a Rússia tentava impedir ontem que a ameaça de bombardeio contra os sérvios seja levada adiante, em reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a Bósnia.
O primeiro-ministro britânico, John Major, foi a Moscou para discutir a questão bósnia com o presidente russo, Boris Ieltsin. Ao mesmo tempo, um representante do governo dos Estados Unidos foi a Sarajevo para conversar com os muçulmanos e Churkin viajou a Skopje, capital da Macedônia.
Enquanto Sarajevo permanecia em trégua ontem, prosseguiram os combates na Bósnia central, entre croatas e muçulmanos, e em Bihac, uma das seis "áreas protegidas" pela ONU na Bósnia, entre sérvios e muçulmanos.

Próximo Texto: Rei dos zulus lança campanha para criar Estado independente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.